Um padre e uma maratonista entram num cabeleireiro, e… Podia ser o início de uma anedota, mas é a história verídica de Sílvia Duarte – mãe de três filhos, cabeleireira, artesã, atleta e “viciada” em ajudar os outros –, de um pároco que, com uma enorme criatividade, a apoia na divulgação de todas as suas iniciativas solidárias, que designa como “santas loucuras”, e dos muitos que, inspirados pela ousadia, coragem e generosidade de Sílvia, decidem ajudá-la a ajudar. Aviso a leitores eventualmente desprevenidos: há uma forte possibilidade de, no final deste artigo, sentirem vontade de juntar-se também a esta onda de solidariedade.
Nuno Westwood, pároco de Nova Oeiras, ainda se lembra da primeira vez que entrou no cabeleireiro de Sílvia. “Foi há mais de 20 anos! Nessa altura, eu era pároco do Estoril. Antes de inaugurar o salão, a Sílvia pediu-me para ir abençoar o espaço e eu fui, com todo o gosto”, conta ao 7MARGENS. Mal imaginava que ali regressaria várias vezes, não para cortar o cabelo, mas porque aquele viria a ser um dos “palcos” de muitas missões partilhadas entre ambos.
Sílvia também não imaginava. Nunca sonhou gerir um salão de cabeleireiro, e muito menos ter um padre a ajudá-la na caixa ou a secar cabelos (já lá iremos). A verdade é que quem entra hoje no Sílvia Duarte Hair Spa percebe de imediato que aquele não é um salão de cabeleireiro comum. Ao lado das habituais imagens de mulheres com cabelos brilhantes e bem penteados – e com muito mais destaque do que estas – há cartazes onde aparece a própria Sílvia, de cabelo preso num rabo de cavalo, a correr. E junto a estas imagens, as frases: “Corro pela caridade. Gostaria de me apoiar?”; ou “Ajude a Sílvia a chegar às próximas crianças com fome!”.
A explicação? “É uma história longa”, começa por dizer a cabeleireira, com um sorriso tímido, num dos raros momentos em que se senta no sofá do salão (só tornado possível, porque bloqueou uma hora da sua agenda para a entrevista ao 7MARGENS). “Sempre gostei de correr. Em miúda, na escola, era a desporto que tinha melhores notas, e conseguia ótimos resultados sobretudo quando corria distância curtas. Mas quando me punham a correr distâncias longas eu desistia, não gostava do sofrimento”, recorda.
Sílvia Duarte, 57 anos, é a mais velha de quatro irmãos. Nasceu em Porto Moniz, na Madeira, onde viveu até aos cinco anos, altura em que os pais emigraram para a África do Sul, e ali permaneceram até ela fazer 18. “Lá, o desporto era bastante valorizado, muito mais do que em Portugal, e cheguei a participar em várias competições entre escolas, o que me deu oportunidade de conhecer diferentes locais do país. Ganhei troféus e tudo, mas os meus pais nunca deram valor a isso. Ser atleta não era uma opção para o meu futuro”, refere. Assim, encaminharam-na para uma escola profissional, onde, entre os cursos disponíveis, optou pelo de cabeleireira. “Não era algo que me entusiasmasse particularmente, mas também não havia grandes opções”, justifica.
Acabou por revelar um talento acima da média para cortar e pentear cabelos: no ano seguinte, já de regresso a Portugal, decidiu continuar a formação que havia iniciado. “Não tenho grandes alternativas, por isso vou ser o melhor que puder nisto”, pensou. Rumou a Coimbra, onde havia “o melhor curso a nível nacional nessa altura” e terminou com as melhores notas da turma, o que lhe valeu emprego imediato. “Depois, percebi que para continuar a evoluir tinha de ir para Lisboa”, recorda. E foi: trabalhou em alguns dos salões mais prestigiados da capital e lado a lado com nomes reconhecidos a nível internacional, como Vítor Ferreira ou Isabel Queiroz do Vale.
Uma paragem forçada e um milagre
Quanto ao gosto pela corrida, não o perdeu. “De manhã, acordava muito cedo e ia correr um bocadinho para desanuviar a minha cabeça… Corri vezes sem conta no Jardim da Estrela! Quando dizia às minhas colegas que, antes de entrar no cabeleireiro às oito, já tinha ido correr, elas diziam que eu só podia estar louca… Mas eu precisava de correr, sentia um alívio emocional e psicológico muito grande depois da corrida”, explica.
Sílvia só parou de correr quando nasceu o primeiro filho, tinha ela 29 anos. “Descobrimos que ele tinha uma deficiência grave no coração e precisava de ser operado, mas não tinha peso suficiente para a cirurgia… só quando fez nove meses é que pôde ser operado. Então, nesse período, eu passava noites e noites em claro, para ver se ele respirava. E estava tão cansada que não conseguia mesmo correr”, lembra. Foi nessa altura que descobriu a força da fé e da oração.
“Em criança, andei na catequese e os meus pais obrigavam-me a mim e aos meus irmãos a ir à missa todos os domingos, mas nós íamos sempre contrariados”, reconhece. “Tive uma professora de Moral que me tocou mais, pela forma como explicava o amor, mas só isso. Lembro-me de pensar que, quando saísse de casa dos meus pais, nunca mais poria os pés numa igreja”, diz, entre risos. “Na verdade, a primeira coisa que fiz, quando fui estudar para Coimbra, foi ir à missa. Sentia-me muito insegura e a igreja era como um porto seguro”, reconhece. Quando o primeiro filho teve o problema de saúde, o cirurgião, antes da operação, disse-lhe: “Se tem fé, reze pelas minhas mãos”. Sílvia rezou, muito. “Eu sabia que podia entregar-lhe o meu filho com vida e ele sair do bloco sem vida”, recorda, sem disfarçar a emoção. “E ter o meu filho de volta vivo foi como um milagre… Marcou-me imenso! Foi nessa altura que criei uma relação mais próxima também com Maria, porque até aí só me dirigia a Deus e a Jesus”, explica.
“E agora, o que é que eu posso fazer mais?”
Depois disso, conheceu aquele que viria a ser o seu sócio, um jovem e talentoso cabeleireiro vindo da Venezuela. “Comecei a sentir que Deus tinha um plano… Acho que ele foi um anjo enviado para mim, e foi a razão de eu continuar na profissão e ter este salão hoje”. Foi ele que a convidou para trabalhar num pequeno salão no Estoril, a poucos metros do local onde Sílvia tem hoje o seu próprio espaço, e que a fez acreditar, antes de falecer devido a um cancro fulminante no sistema linfático, que poderia geri-lo sozinha.
E não apenas geri-lo: antes fazer dele algo mais que um “simples” salão de cabeleireiro. Sílvia mudou-se de Lisboa para Oeiras, de modo a ficar mais perto do trabalho. “Coincidência ou talvez não” também o padre Nuno Westwood, passou a ser pároco de Nova Oeiras, a paróquia mais próxima da sua nova casa e onde começou a ir sempre à missa. Sempre que ele anunciava alguma campanha de solidariedade, a cabeleireira desafiava as clientes do salão a participar. “Se o objetivo era fazer cabazes de alimentos para os mais necessitados, eu pedia às minhas clientes para trazerem alimentos quando viessem ao salão e dava-lhes 10% de desconto, por exemplo”, recorda.
Mas Sílvia começou a sentir necessidade de “fazer mais para ajudar os outros”. Foi então que se inscreveu numa associação para poder acolher em sua casa crianças que se encontrassem institucionalizadas. “Estava muito entusiasmada com essa missão, mas precisamente nessa altura o meu marido ficou desempregado e deixámos de ter condições para ser família de acolhimento… Fiquei muito desanimada, e perguntei ao padre Nuno: ‘E agora, o que é que eu posso fazer mais?'”. O pároco falou-lhe então do Projeto K’esinha Ly’eyau, um programa de apadrinhamento de crianças e jovens em Benguela, Angola (a sua terra natal), que visa assegurar que eles prossigam os estudos. Sílvia entusiasmou-se, mas sentia que não devia sobrecarregar mais as clientes com os seus já habituais pedidos de ajuda. Era algo que tinha de fazer sozinha. Mas como?
A resposta encontrou-a na sua paixão antiga, a corrida, e nas redes sociais. “Eu tinha voltado a fazer as minhas corridas, e fazia percursos cada vez mais longos… Nada de extraordinário! Chegava ao fim de sete quilómetros já muito esgotada, mas a pensar ‘Uau! Quem diria que eu seria capaz de correr tanto…'”, recorda, divertida. “E um dia, vi no Instagram a publicação de um atleta que eu seguia, a dizer que tinha feito uma corrida por uma causa solidária… E pensei: ‘Porque não fazer uma corrida para o projeto K’esinha?'”.
Dos dez quilómetros aos 21, e uma maratona que mudou tudo
Pensou e não fez por menos: inscreveu-se na meia-maratona de Lisboa. “Isto foi há cinco anos… Sem treinar, sem me preparar devidamente, fui dos dez quilómetros para os 21!”, recorda, com um sorriso. Vestida a rigor, com uma camisola alusiva ao projeto K’esinha, e com o padre Nuno Westwood a apelar aos donativos em todas as missas desse domingo, Sílvia lá foi, determinada a chegar ao fim. “Mas quando cheguei aos 17 quilómetros, já estava a querer desistir… Nessa altura encontrei um grupo de militares, que iam a correr como se fosse só um aquecimento para eles, a cantar e a gritar, e que puxaram muito por mim! Foram os meus anjos nesse dia. Quando perceberam que eu queria desistir, disseram-me: ‘A Sílvia não vai desistir, porque se desistir temos de a levar às costas… Connosco ninguém fica para trás!’ Aquilo deu-me uma força enorme e lá fui, com eles a acompanhar-me, até ao fim. Fiquei muito feliz pela missão cumprida, mas no final as dores foram tantas que jurei para nunca mais.”
A imagem dessa primeira corrida solidária é precisamente uma das que aparecem em destaque nos cartazes que decoram as paredes do seu salão. Sim, “uma das”: apesar de nessa altura ter jurado não repetir, passado pouco tempo Sílvia já estava a propor-se um novo desafio, ainda mais exigente, desta vez para ajudar um paroquiano com cancro a conseguir o dinheiro necessário para os exames e tratamentos de que necessitava para sobreviver. “Estávamos em tempo de covid, confinados, e uma vez mais foram as redes sociais que me inspiraram. Vi um japonês a fazer uma maratona em casa e tive a ideia de fazer também uma maratona solidária, à frente da minha casa, ou seja: 42 quilómetros a correr às voltinhas numa rua sem saída”, lembra. “A minha família dizia que eu estava louca, o padre Nuno nem queria acreditar, depois de eu lhe ter dito que não voltava a repetir a experiência. Mas eu senti que tinha de o fazer, porque aquela família precisava mesmo de ajuda. Era um homem jovem, com duas filhas pequenas e um bebé, a família já tinha gasto o dinheiro todo com tratamentos. Precisavam de mais 4.500 euros e eu pensei que, por uma causa dessas, seria capaz de me superar”, conta.
Nuno Westwood fez a parte dele. “A Sílvia disse-me: eu vou correr fisicamente, mas o padre Nuno tem de correr comigo, do modo que conseguir”, recorda o pároco. E conta o que decidiu fazer: “Nessa altura, por causa de termos de estar fechados em casa, tinha-me tornado um especialista em transmissões online; então preparei um direto como se fosse um autêntico programa de televisão: encarreguei uma das chefes dos escuteiros, que também é fisioterapeuta, de filmar a Sílvia enquanto ela corria e dar-lhe o apoio que fosse necessário, ao mesmo tempo que eu, a partir de minha casa, ia apelando aos donativos, entrevistando pessoas que entravam em direto a partir das suas próprias casas e davam testemunhos, e alguns elementos dos coros da paróquia também iam entrando em direto para cantar… e assim se passaram as cerca de seis horas de corrida. Foi incrível!”.
Tão incrível que, aos 25 quilómetros, o dinheiro necessário já tinha sido angariado e o padre Nuno avisou a chefe dos escuteiros: “Diz à Sílvia que atingimos o objetivo… se ela quiser, já pode parar!”. Mas Sílvia não parou: “Sentia-me bem… E no dia antes tinha falado com uma grande amiga que corre ultramaratonas, que me garantiu: ‘Tal como passaste dos dez para os 21 quilómetros, vais passar dos 21 para os 42, basta acreditares’. E eu, que sempre fui insegura porque muitas vezes me disseram que eu não era capaz, acreditei. E superei-me. E a partir daquela maratona parece que tudo mudou, tornei-me muito mais confiante”.
A mão dos amigos… e de Deus
Essa amiga era Maria da Conceição, que em 2013 se tornou a primeira mulher portuguesa a atingir o cume do Evereste: em 2017 bateu sete recordes mundiais por completar seis triatlos Ironman em seis continentes diferentes em apenas 56 dias, e em 2018 chegou ao Pólo Sul, um feito também inédito para uma mulher portuguesa. Tudo para angariar fundos que permitissem às crianças nos bairros de lata do Bangladesh poderem estudar pelo menos até ao 12º ano. “Foi uma cliente que nos apresentou e mais uma vez foi um anjo que surgiu no meu caminho… A Maria da Conceição não é católica, é ateia, mas depois desta maratona fez questão de pagar durante um ano ao coach dela para me treinar também a mim, para que eu pudesse prosseguir esta missão”, assinala Sílvia, num misto de admiração e gratidão.
Assim se explica outra coisa fora do comum no Sílvia Duarte Hair Spa: além de champôs e outros produtos para o cabelo, há livros à venda, ou melhor: vários exemplares do mesmo livro, Uma Mulher no Topo do Mundo, que dá a conhecer a incrível história de vida de Maria da Conceição. E mais: há figuras de Maria de Nazaré e presépios de lã, que Sílvia aprendeu a fazer durante o confinamento e que começou também a vender para ajudar a fundação de Maria da Conceição e outras causas solidárias.
“Foi através desses presépios que eu fiquei a conhecer a Sílvia”, conta ao 7MARGENS Isabel Salzmann von Rupp, coordenadora da Mary’s Meals em Portugal, uma associação internacional que assegura refeições diárias a cerca de 2,4 milhões de crianças nas regiões mais pobres do planeta. “No último dia de um mercado de Natal, em 2021, em que participámos para angariar fundos, e que tinha sido uma desilusão em termos de retorno em relação ao que tínhamos previsto, apareceu uma amiga com uns presépios da Sílvia, a dizer que eram uma oferta para nós, e a explicar que ela tinha começado a correr por causas solidárias, e que também queria correr para ajudar a Mary’s Meals”, recorda.
“De repente, a nossa participação naquele mercado ganhou todo o sentido, porque foi plantada esta semente que deu muitos frutos mais tarde. E ainda hoje dá”, assinala Isabel. Apesar de a associação ser não confessional, a responsável, que nasceu na Suíça e teve uma educação entre o catolicismo e o protestantismo, afirma: “Sentimos aqui a mão de Deus.”
Corridas que matam a fome a crianças e salvam cristãos perseguidos
Logo no mês seguinte, “a própria Sílvia contactou e motivou uma equipa inteira para participar”, pela Mary’s Meals, na Corrida Fim da Europa, que une a vila de Sintra ao Cabo da Roca. “Foi muito bonito.” Dessa vez, foram “apenas” 17 quilómetros, mas algum tempo mais tarde, Sílvia voltou a superar-se: correu 58 quilómetros de Santarém a Fátima, na Ultra Maratona Caminhos do Tejo. Os donativos obtidos com essa corrida “permitiram à Mary’s Meals ajudar a alimentar 293 crianças durante um ano escolar”.
Muitas outras corridas solidárias se seguiram, para ajudar a Associação Jorge Pina, a Associação Salvador, e mais recentemente a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, numa dura prova de trail em Lisboa, que Sílvia terminou em segundo lugar do seu escalão e através da qual conseguiu angariar mais de cinco mil euros para ajudar as populações e os cristãos perseguidos em Cabo Delgado (Moçambique).
Apesar de serem as mais duras, devido às constantes subidas e descidas e ao piso irregular, são as provas de trail as preferidas de Sílvia. “Quando corro, vou sempre a rezar. E fazê-lo em percursos no meio da natureza faz com que me sinta ainda mais perto de Deus”, justifica a cabeleireira, que leva sempre dois terços do rosário consigo: um cosido no colete de hidratação e outro num dos bolsos.
O padre Nuno Westwood não esconde a admiração que sente por aquela que se tornou numa grande amiga. E resume assim o propósito de Sílvia: “Ela quer deixar, em cada passo que dá, marcas da sua passagem, que fazem a diferença na vida dos outros. É por isso que a Silvia caminha, peregrina, corre… corre muito para tornar realidade os sonhos de pessoas sedentas de esperança. A Sílvia é alimentada pelo amor e faz do amor a sua razão de viver, tanto nos seus pequenos passos, como quando corre maratonas.” Para o pároco, é precisamente isso que deve definir os cristãos: “Gente que se supera e é capaz de dar a própria vida por uma causa maior, tal como Jesus fez há mais de dois mil anos.”
A “maratona dos cabelos”, em que todos podem participar
“E não podemos esquecer que a Sílvia não corre apenas nos dias das provas”, acrescenta Isabel von Rupp. “Ela levanta-se todos os dias às cinco da manhã para poder treinar para essas provas, antes de ir trabalhar no salão”.
Mesmo quando está “parada” no salão, Sílvia faz questão de ajudar, tendo criado um novo conceito de maratonas para tornar isso possível: as “maratonas dos cabelos”. “Já fiz uma, que foi um sucesso, e vou fazer outra na próxima quarta-feira, dia 17 de julho”. Mas que maratonas são estas? Sílvia explica ao 7MARGENS: “Durante um dia inteiro, os cortes, penteados, colorações, serviços de manicure que as pessoas venham fazer aqui no salão… a receita total reverte para uma causa solidária, neste caso a Mary’s Meals”.
Da primeira vez, foi o próprio padre Nuno que se fez voluntário para ficar na receção, a acolher os clientes e a gerir a caixa, enquanto Sílvia lavava, cortava, penteava. “Até chegou a secar o cabelo de uma cliente, ao final do dia, quando eu já estava completamente exausta”, recorda Sílvia, divertida.
Desta vez, o padre Nuno não poderá estar presente. “Coincide com o meu aniversário de ordenação e estarei em Braga, a celebrar com os meus colegas”, justifica. “Mas ajudarei na divulgação e a Sílvia já sabe que a apoio sempre. Conheço bem as causas pelas quais ela corre e têm toda a minha confiança. Tudo o que seja para ajudar aqueles que passam dificuldades deve ter todo o nosso apoio e reconhecimento”, insiste.
A agenda para dia 17 já está praticamente preenchida, mas aqueles que queiram cuidar de si e ao mesmo tempo ajudar a combater a fome no mundo (combinação pouco habitual), podem ainda ligar para o número 918 612 151 e fazer a sua marcação no Sílvia Duarte Hair Spa. Caso não consigam vaga, há outra forma de ajudar: adquirindo um voucher, válido até ao final do ano, no valor de 22 euros, que reverterá também para a Mary’s Meals e permitirá alimentar uma criança com uma refeição por dia na escola, durante um ano.
Rumo aos 100 quilómetros… e a Benguela
Depois da “maratona dos cabelos”, será que vêm umas merecidas férias?… Nada disso. Com a Mary’s Meals a iniciar o seu programa de alimentação escolar em Moçambique e a tentar avançar também noutros países lusófonos africanos, a cabeleireira sente que não pode parar. “Vou fazer mais uma corrida para ajudar esta organização, e desta vez vão ser 100 quilómetros!”, adianta, convicta de que irá conseguir superar-se, mais uma vez. Até porque já há “um bom presságio”: a prova, o Trail Abrantes 100, será no dia 12 de outubro, data em que muitos peregrinos estarão a chegar a Fátima para assinalar o aniversário dos acontecimentos de 1917, quando os três videntes contaram ter visto Nossa Senhora.
Focada nos treinos, cuja intensidade já aumentou e em breve a obrigarão a correr uma média de 60 quilómetros por semana, Sílvia confessa-se assustada, mas ao mesmo tempo feliz, com o próximo desafio a que se propôs: “Até porque treinar mais significa que também vou rezar mais.”
O padre Nuno Westwood tem uma explicação para o facto de Sílvia não querer parar: “Ela não descansa enquanto sabe que alguém precisa ou pode fazer a diferença na vida de outrem. Parece a jovem de Nazaré que, assim que soube que a sua prima precisava de apoio, levantou-se de imediato, pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha para ajudar Isabel.”
Com os olhos postos ainda mais à frente, o pároco de Nova Oeiras já pensa noutra corrida: “Temos um sonho, eu e a Sílvia, de um dia ir a Benguela, onde o projeto K’esinha apoia neste momento entre 60 a 70 crianças, e fazer uma maratona solidária mesmo lá, com eles…”. Mas afinal o padre Nuno também corre? “Não, eu corro no máximo dois quilómetros”, responde entre risos. “Talvez seja melhor em estafetas!”.
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