O coronel Luís Vieira foi detido para interrogatório hoje ao fim da manhã nas instalações da Polícia Judiciária Militar (PJM), no Restelo, pela Polícia Judiciária, na presença de um oficial de patente superior, como prevê o Estatuto dos Militares das Forças Armadas.
De acordo com aquele Estatuto, a detenção de militares no ativo, fora de flagrante delito, “é requisitada aos seus superiores hierárquicos pelas autoridades judiciárias”, um procedimento que foi seguido, segundo a Procuradoria Geral da República.
Para além de Luís Vieira, os mandados de detenção visam quatro responsáveis da PJM, incluindo Luis Vieira, um civil e três elementos da GNR.
Segundo a mesma fonte, a investigação prende-se com a encenação montada relativamente à descoberta e recuperação das armas que haviam sido furtadas em Tancos.
Antes, fonte da GNR disse à Lusa que três militares do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé, incluindo o seu chefe, estão entre os detidos hoje pela Polícia Judiciária nesta investigação.
Em comunicado, a Procuradoria-Geral da República avançou que a PJ deteve hoje militares da Polícia Judiciária Militar e da Guarda Nacional Republicana e um outro suspeito e realizou buscas em vários locais nas zonas da Grande Lisboa, Algarve, Porto e Santarém.
Segundo a PGR, no inquérito que deu origem às detenções, “investigam-se as circunstâncias em que ocorreu o aparecimento, em 18 de outubro de 2017, na região da Chamusca, de material de guerra furtado em Tancos”.
Em causa, adianta o comunicado, estão “factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, recetação, detenção de arma proibida e tráfico de armas”.
Na Operação Húbris, participaram cinco magistrados do Ministério Público e cerca de uma centena de investigadores e peritos da Polícia Judiciária.
Segundo a PGR, o inquérito corre termos no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), sendo o Ministério Público coadjuvado pela Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária.
O furto de material militar dos paióis de Tancos - instalação entretanto desativada - foi revelado no final de junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
Em 18 de outubro, a Polícia Judiciária Militar recuperou, na zona da Chamusca, quase todo o material militar que tinha sido furtado, à exceção de munições de nove milímetros.
Contudo, entre o material encontrado, num campo aberto na Chamusca, num local a 21 quilómetros da base de Tancos, havia uma caixa com cem explosivos pequenos, de 200 gramas, que não constava da relação inicial do material que tinha sido furtado, o que foi desvalorizado pelo Exército e atribuído a falhas no inventário.
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