“Este tratado não tornará o mundo mais pacífico, não conseguirá que seja destruída nem uma arma nuclear e não reforçará a segurança de qualquer Estado”, declarou um porta-voz do departamento de Estado norte-americano, citado pela agência de notícias francesa AFP.
Embora o texto proposto pela Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (ICAN) tenha já sido assinado, em julho deste ano, por 122 Estados, e considerado pela comunidade internacional “um tratado histórico”, o porta-voz sublinhou que ele não é apoiado por nenhum dos nove países detentores da bomba atómica.
O Comité Nobel norueguês baseou a decisão no trabalho feito pela ICAN – uma coligação internacional de organizações não-governamentais – no sentido da eliminação de armamento nuclear no mundo, numa altura em que a questão está no centro de tensões internacionais dos Estados Unidos com o Irão e com a Coreia do Norte.
Em relação à Coreia do Norte, a espiral dos ataques verbais de Washington em reação a testes nucleares e balísticos de Pyongyang demonstra que a estratégia do Presidente norte-americano, Donald Trump, não passa por assinar tratados de não proliferação nuclear.
A reação dos Estados Unidos ao anúncio do laureado com o Nobel da Paz frisa o alcance essencialmente simbólico do tratado, quando Trump se prepara também para, a 15 de outubro, ir dizer ao Congresso que o Irão “não está a respeitar o espírito do acordo” sobre o seu programa nuclear, concluído em 2015 com seis potências internacionais (Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido, Alemanha e França).
As restantes potências consideram que Teerão está a cumprir o acordo, que submete o país a um regime de vigilância apertada das suas instalações nucleares para garantir a natureza exclusivamente pacífica do seu programa nuclear, em troca do levantamento progressivo das sanções económicas que lhe foram impostas.
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