Três conferências internacionais sobre o clima, biodiversidade e desertificação, e a última sessão de negociação para um novo tratado sobre o plástico são os próximos passos deste ano intenso para a diplomacia ambiental.
A COP 16 sobre biodiversidade - Conferência da ONU acerca da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica de 2024 - realiza-se de 21 de outubro a 1 de novembro de 2024 em Cali, Colômbia.
Será uma reunião de seguimento mais do que de avanços, para avaliar como estão a ser concretizados os compromissos históricos adotados na COP15 de Montreal, há dois anos.
As COP dedicadas à biodiversidade ocorrem a cada dois anos, e a de Montreal terminou com um acordo ambicioso que prevê a proteção de 30% das terra e mar até 2030.
Os países deverão rever a implementação do novo marco e apresentar estratégias nacionais que sejam coerentes.
A COP29 sobre o clima acontecerá de 11 a 22 de novembro em Baku, Azerbaijão, país exportador de hidrocarbonetos.
A edição do Dubai há um ano antes a maior da história e mas as expectativas de participação são inferiores em Baku.
A conferência do Dubai concentrou-se na transição para o abandono dos combustíveis fósseis. Em Baku, o foco dos debates será o financiamento.
A reunião deve terminar com um novo objetivo para o financiamento climático (denominado "Novo Objetivo Coletivo Quantificado", também conhecido pela sigla em inglês "NCQG").
É uma meta que substituirá o objetivo fixado em 2009, que previa que os países ricos proporcionassem 100 bilhões de dólares anuais de ajuda aos países em desenvolvimento, um objetivo que só foi alcançado em 2022.
"A COP29 representa uma oportunidade para desbloquear mais investimentos climáticos oriundos de fontes mais variadas, tanto públicas como privadas, e melhorar a qualidade desses financiamentos", disse o Instituto de Recursos Mundiais (WRI), um think-tank americano.
O problema é que, até o momento, não há consenso sobre a quantia, nem sobre o destino dos fundos ou dos contribuintes. O resultado das eleições americanas, pouco antes da COP, provavelmente influenciará os debates.
Também resta saber quantos dirigentes mundiais irão à reunião às margens do mar Cáspio, antes da COP 30 em Belém no próximo ano.
A 16.ª sessão da conferência das partes na convenção das Nações Unidas para a luta contra a desertificação (COP16) está programada para ocorrer em Riade, Arábia Saudita, de 2 a 13 de dezembro.
Surgida na cimeira do Rio de Janeiro (1992), assim como as outras duas convenções sobre o clima e a biodiversidade, essa convenção é menos conhecida.
No entanto, essa COP pode marcar "um ponto de inflexão crucial" com a esperança de um "consenso sobre como fortalecer a resiliência frente às secas e como acelerar a restauração de terras degradadas", aponta Arona Diedhiou, diretor de pesquisa do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD) com sede na Universidade Houphouët Boigny, na Costa do Marfim.
"As discussões centrar-se-ão nos meios necessários para resgatar 1,5 bilhão de hectares de terras até 2030, assim como na implementação de acordos para gerir as secas que já afetam muitas regiões do mundo", acrescenta o especialista, que destaca a situação preocupante da África.
A quinta e última sessão de negociações internacionais para concretizar um primeiro tratado mundial para combater o problema do plástico (INC-5) está prevista para 25 de novembro a 1 de dezembro em Busa, Coreia do Sul.
As delegações de 175 países acordaram em 2022 concluir tal tratado para o final de 2024. No entanto, ainda há divisões, especialmente entre as nações que desejam uma limitação ambiciosa da produção de plásticos e alguns países produtores, que preferem melhorar a reciclagem.
Hellen Kahaso Dena, responsável pelo projeto pan-africano sobre o plástico do Greenpeace, espera que os países "acordem um tratado que dê prioridade à redução da produção de plástico".
"Não há tempo a perder com enfoques que não resolverão o problema", disse a ativista à AFP.
*Por Julien MIVIELLE, da AFP
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