Ao mesmo tempo que vários países ocidentais se comprometiam a enviar tanques para as forças armadas ucranianas, no debate televisivo ‘Grande Jogo’ diversos intervenientes dispararam nos últimos dias contra o apoio ocidental ao país-vizinho, invadido há quase um ano por forças russas.
Para Viatcheslav Nikonov, moderador do programa, ao agradecer publicamente na quarta-feira o novo fornecimento de tanques, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apareceu de “orelhas caídas”, aparentemente depois de uma “festa de cocaína”.
Também, no seu entendimento, a Alemanha ficou consternada com a decisão do chanceler Olaf Scholz permitir que tanques Leopard 2 de fabrico alemão sejam disponibilizados aos ucranianos. Isto porque, disse, largos sectores da sociedade alemã sabem que “nada poderá unir mais os russos do que ver tanques alemães na frente da batalha”, numa clara alusão à II Grande Guerra.
“Esses tanques que vão ser entregues à Ucrânia farão alguma diferença?”, questionou no programa de quinta-feira Nikonov, ex-deputado e historiador.
Ivan Safrantchuk, director do Centro de Persquisas Euroasiáticas do Instituto Estatal de Relações Internacionais, foi mais longe e estabeleceu um paralelo entre a entrega de tanques e a tomada de Berlim pelas forças soviéticas na II Guerra Mundial.
“A população lembra-se que, certa vez, tanques alemães foram atirados contra a então União Soviética, e isso teve como consequência a tomada do Reichstag. Daí a lógica da pergunta: não se repetirá agora tal desta situação?”, especulou Safrantchuk.
A “profunda crise estatal”, que “afecta a sociedade alemã”, opinou, “já chegou ao Bundestag”.
O resultado, prosseguiu, é a “liquidação do povo ucraniano, embora as forças russas procurem preservar – o que é difícil num contexto de guerra – os recursos humanos da Ucrânia”.
Alexei Leonkov, perito militar da revista “Arsenal da Pátria” disse, sobre os prazos de entrega à Ucrânia dos blindados alemães e norte-americanos, que estes últimos “sempre foram astutos”, alegando que a preparação dos tanques envolverá o essencialmente a capacitação de operadores polacos.
“Não será pessoal norte-americano a manobrar os tanques oferecidos à Ucrânia, até porque a posição actual de [Joe] Biden [Presidente dos Estados Unidos] é muito frágil”, alegou Leonkov, sem apresentar factos que corroborem a tese.
Iliá Kiva, ex-deputado do Parlamento ucraniano pela Plataforma Oposicionista Pela Vida, partido entretanto ilegalizado pelo Presidente Zelensky, proclamou que “os EUA querem recuperar o controlo da Ucrânia”.
“Todos sabem que o regime de Zelensky está sob a influência de duas estruturas anglo-saxónicas: o MI6 e a CIA [serviços de informações britânico e norte-americano, respetivamente]. Podem até ter interesses em comum, como desferir um golpe estratégico contra a Rússia, mas cada um tem métodos próprios”, alegou Kiva.
A ‘galeria de horrores’ apresentada por Kiva incluiu a corrupção na Ucrânia – que na semana passada levou à detenção de dezenas de altos funcionários, incluindo no Ministério da Defesa – e uma suposta “campanha da Primavera” das forças armadas urcranianas que está a fazer com que sejam “procurados por todo o país os homens que fogem à mobilização”, usados “pelo Ocidente como carne para canhão”.
“Deste modo, acercamo-nos da momento em que a Federação Russa, tenho a certeza, vai pôr um ponto final” no conflito, proclamou o ativista pró-Kremlin.
Comentários