Do total de 34 militares a bordo, 11 são da Guarda Costeira de São Tomé, afirmou o primeiro-tenente na ilha do Príncipe, onde o “Zaire” esteve fundeado na última semana.
“Estes 11 militares demonstraram já terem conhecimentos para substituir militares portugueses que estavam a bordo”, explicou, indicando que há ainda “outros militares que continuam formação a bordo, em todas as áreas”.
O “Zaire” está em São Tomé e Príncipe desde janeiro do ano passado numa missão de capacitação da Guarda Costeira nacional.
“Estamos a dar formação em todas as áreas, da manutenção à operação de um meio com capacidade oceânica. Também fazemos ações de fiscalização conjunta em apoio à Guarda Costeira de modo a assegurar a soberania do Estado de São Tomé no mar, nomeadamente combatendo ações de pesca ilegal”, referiu o comandante.
Recentemente, o navio-patrulha esteve envolvido nas operações de busca e salvamento após o naufrágio do navio de transporte marítimo “Amfitriti”, ao largo da ilha do Príncipe, causando oito mortos e nove desaparecidos, e no combate ao incêndio do navio “Ville Abidjan”, no porto de São Tomé, na semana passada.
Os militares são-tomenses “contribuíram também para auxiliar, em termos de conhecimentos técnicos, os bombeiros de São Tomé e Príncipe no combate ao incêndio”, referiu.
“Como comandante, conforta-me ver que estes militares, com esta formação ao longo de um ano, foram capazes de aplicar as técnicas que aprenderam, mesmo numa situação real, de stresse, e apoiar os bombeiros de São Tomé e transmitir algum conhecimento em pleno calor de ação”, comentou o primeiro-tenente.
Sobre o inquérito ao naufrágio do “Amfitriti”, que as autoridades são-tomenses anunciaram em abril, o comandante disse que o processo ainda está a decorrer e que não foi chamado.
Sobre as principais necessidades da Guarda Costeira são-tomense, Borges Mendes afirmou que “Portugal já tem uma Marinha com mais de 700 anos, enquanto a Guarda Costeira de São Tomé é muito recente, tem perto de cinco, seis anos”.
“Há esta necessidade de transmissão de conhecimentos de uma cultura que nós já temos, uma cultura naval, e estamos a transmiti-la dia a dia, de cada vez que estamos no mar, e mesmo quando estamos em terra, continuamos as nossas ações de formação”, referiu.
A cooperação, disse, é para continuar e não há data marcada para a sua conclusão.
“Neste momento continuamos com o nosso programa de capacitação da Guarda Costeira, estamos focados nesse processo para assegurar que a Guarda Costeira adquira todos os conhecimentos necessários para poder operar de forma autónoma num meio com capacidade oceânica”, afirmou, acrescentando: “Mais importante que definir datas é a transmissão dos conhecimentos. Devemos assegurar que quem está no mar sabe operar em segurança, uma vez que estes militares também podem auxiliar outros que necessitem da nossa ajuda no mar”.
O “Zaire” zarpou esta madrugada em direção a São Tomé, numa viagem que pode demorar entre seis e nove horas, dependendo das condições do mar.
Na última semana, o navio-patrulha português esteve ao largo da ilha do Príncipe, que acolheu as celebrações do centenário da comprovação da Teoria da Relatividade Geral, do físico alemão Albert Einstein, que ocorreu durante a observação de um eclipse solar total, a 29 de maio de 1919.
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