"Aquilo que é preciso decidir, será decidido. As medidas que é preciso tomar, serão tomadas. O que nos une é muitíssimo mais importante do que aquilo que nos pudesse dividir. E vamos vencer."
Foi com estas (e outras) palavras que o Presidente da República e cidadão Marcelo Rebelo de Sousa se dirigiu ao país na noite de hoje. O "vamos vencer" com que procurou tranquilizar os portugueses veio no seguimento de notícias que, tal como esperado, são tudo menos animadoras. O número de casos infetados com o novo coronavírus em Portugal ascende agora a 245 (mais 76 que ontem), sendo que, segundo a Ministra da Saúde, é previsível que curva da epidemia continue a aumentar até final de abril. E no meio de tudo isto, é preciso conseguir cuidar de quem menos pode cuidar de si.
O primeiro-ministro António Costa, por seu lado, anunciou que Portugal e Espanha vão limitar a circulação na fronteira terrestre comum a mercadorias e trabalhadores transfronteiriços, pelo que haverá uma restrição ao turismo e lazer oriundo do outro lado da fronteira. Mas isso são as restrições terrestres, porque os aviões continuam a aterrar no nosso país. E é foi por isso mesmo que, pouco depois de António Costa anunciar estas medidas, o Presidente do governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, fez também uma declaração em que defendia a inexistência de "meios termos". "Ou fecham as fronteiras e limitam a liberdade de movimentos das pessoas ou o vírus vai propagar-se", referiu.
O estado de emergência, inédito da história da democracia portuguesa, poderá estar perto de ser decretado, sendo que são esperadas novidades na quarta-feira sobre esta matéria, dia em que o Presidente da República reunirá o Conselho de Estado.
Sem sinais de abrandar no resto do mundo, o Covid-19 vitimou hoje mais 368 pessoas em Itália (já são mais de 1.800 mortos devido à pandemia) e mais 152 pessoas em Espanha, elevando para 288 o número de vítimas do novo coronavírus no país vizinho.
Temos de encontrar formas de "vencer", mesmo que a sensação seja por ora estamos a ser copiosamente derrotados.
Contudo, em Portugal e no mundo a vida tem de continuar, apesar da pandemia. Elisa, vencedora do Festival da Canção, disse em entrevista publicada hoje no SAPO24 que "ainda não se sabe ao certo o que vai acontecer" no que diz respeito à Eurovisão, mas que "gostava que se realizasse", apesar de referir que "o que importa, acima de tudo, é a saúde de todos". "Vamos ter de aceitar o que tiver de ser e fazer por que ninguém corra riscos", disse a madeirense que sucedeu a Conan Osíris como representante portuguesa no palco eurovisivo.
E apesar da estreia do novo Big Brother ter sido adiada pela TVI (estava marcada para 22 de março), amanhã estreia em Portugal a nova temporada de Westworld, uma grande produção da HBO que, em tempos de isolamento, pode servir de bálsamo e distração para controlar a ansiedade que muitos devem estar a sentir nos tempos que vivemos.
Como refere o artigo publicado hoje no SAPO24, é importante "manter a consciência de que a situação é grave” mas sem “nos ‘passarmos’ durante o processo".
E no final, vencer.
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