"O meu nome é Juan Gerardo António Guaidó Márquez. Esse é o meu nome. Tenho vários nomes, Juan Gerardo António Guaidó Márquez. Viajei com o meu nome. Se a ditadura não gosta dos meus nomes isso é outra coisa", disse.
Juan Guaidó falava aos jornalistas numa conferência de imprensa, em Caracas, onde foi questionado pela Agência Lusa sobre como embarcou de Lisboa para a Venezuela, depois de acusações do Governo venezuelano de que ele teria embarcado com um nome falso e de que o seu tio teria viajado no mesmo voo na posse de substâncias ilícitas.
"Neste caso é o desprezo da ditadura pela verdade, pelos mecanismos, pela Europa, por Portugal, pelas companhias aéreas comerciais, e pela IATA. É o desprezo absoluto inclusive pelo raciocínio", disse.
Juan Guaidó começou por agradecer "ao Governo de Portugal e à Comunidade Europeia, pelo recebimento" que teve na Europa e pelo apoio à luta pelos valores democráticos na Venezuela, "não só dos venezuelanos, mas da sociedade, da comunidade espanhola, portuguesa, francesa".
Agradeceu "também à comunidade portuguesa" na Venezuela, sublinhando que "se alguém hoje conhece a tragédia" que vivem os venezuelanos "é a comunidade portuguesa na Venezuela, a quem expropriaram empresas e perseguiram".
Em relação às acusações feitas ao seu tio, detido pelas autoridades venezuelanas com a acusação de que transportou substâncias ilícitas no voo entre Lisboa em Caracas, acusou o Governo venezuelano de "semear evidências".
"A resposta não fui eu que a dei, deu a TAP e o ministro dos Negócios Estrangeiros português: É impossível embarcar com material explosivo numa companhia (aérea) comercial, não só a TAP mas europeia", frisou.
Segundo Juan Guaidó "a ditadura" de Nicolás Maduro [o Presidente da Venezuela], "fica em ridículo, novamente, com esta forma de plantar provas" falsas, o que, disse, já aconteceu com outros políticos venezuelanos.
Juan Guaidó afirmou que em Portugal houve "procedimentos de segurança que foram cumpridos, padrões de segurança que foram rigorosamente cumpridos".
"E já foi solicitada uma investigação. Felizmente há evidências claras, de cada um (dos passageiros) da abordagem, dos passos de controlo de segurança”, referiu Guaidó, que considerou “lamentável para a ditadura que incorra nestas agressões a outros países", disse.
O Governo venezuelano acusou Portugal, na sexta-feira, de minimizar as acusações de irregularidades no voo da TAP que transportou, na terça-feira, desde Lisboa até Caracas o líder opositor Juan Guaidó.
Num comunicado divulgado em Caracas, as autoridades venezuelanas pediram a Portugal uma investigação rigorosa.
"A República Bolivariana da Venezuela expressa a sua condenação pelas graves irregularidades cometidas pela companhia aérea TAP, de Portugal, no voo TP173 de 12 de fevereiro de 2020, uma vez que contrariam as disposições de segurança da Organização Internacional de Aviação Civil" (OIAC), lê-se no documento.
Segundo o comunicado, no voo em questão, foi facilitado o embarque de Juan Guaidó, com uma "identidade falsa", violando as diretrizes da OIAC sobre a identificação de passageiros.
"Da mesma forma, as autoridades venezuelanas conseguiram identificar que outro passageiro, um familiar e companheiro (de Juan Guaidó), transportou materiais proibidos e substâncias explosivas, incorrendo em uma violação ainda mais grave dos regulamentos de segurança aeronáutica", acrescenta.
Por isso, "a Venezuela requer que as autoridades portuguesas proporcionem as explicações correspondentes e a abertura de uma investigação rigorosa”.
Guaidó, que chegou a Caracas após um périplo iniciado em 19 de janeiro na Colômbia, esteve ainda no Reino Unido, Suíça, Espanha, Canadá, França e Estados Unidos da América, tendo-se reunido com diferentes governantes e, inclusivamente, com o Presidente norte-americano, Donald Trump.
Horas depois de ter chegado a Caracas, Juan Guaidó denunciou que o seu tio, Juan José Márquez, que tinha viajado no mesmo voo consigo, tinha desaparecido, após ter sido intercetado pelas autoridades aduaneiras.
O Governo venezuelano confirmou a detenção acusando-o de ter tentado entrar no país com "material muito perigoso" e acusou a TAP de violar as normas de segurança internacionais e de ocultar a identidade do líder opositor na lista de passageiros.
A crise política, económica e social na Venezuela, agravou-se desde janeiro de 2019, quando Juan Guaidó jurou assumir publicamente as funções de presidente interino do país.
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