Em causa está um episódio envolvendo o motorista e a filha de Carla Nunes Semedo, ambas negras, no qual aquele terá dito à jovem que “não transportava animais”.

Numa publicação feita na rede social Instagram, a vereadora e psicopedagoga divulga uma fotografia na qual aparece com a filha, de 17 anos, denunciando que esta “foi vítima de um ataque racista” e prometendo que não permitirá “que o preconceito se sente ao volante do que é público”.

Carla Nunes Semedo relata: “O condutor de autocarro achou por bem dizer-lhe que não transportava animais. Sim, em 2025. Em Portugal. Em Cascais”.

E aproveita o caso para destacar: “Há um fenómeno ainda mais preocupante do que o aumento do discurso de ódio: é a sua normalização. A perda de vergonha. O à-vontadinha com que se profere o que durante anos esteve camuflado sob o véu do ‘politicamente correto’”.

Nas mensagens escritas trocadas com a Lusa, a vereadora referiu que o episódio aconteceu num autocarro da Carris Metropolitana, que assegura o serviço de transporte público rodoviário da Área Metropolitana de Lisboa.

Carla Nunes Semedo já contactou a empresa, que prometeu “agir” e que lhe passou um contacto para o qual enviar a queixa por escrito, o que ainda não teve oportunidade de fazer.

A Lusa já pediu esclarecimentos sobre o caso à Carris Metropolitana.

“É duro escrever isto. Mas é mais duro calar. A quem ainda alimenta discursos racistas, com palavras ou com silêncios cúmplices, deixo um recado claro: nós já não somos os mesmos. Não somos mais aqueles que, por respeito ou medo, engoliam em seco o ódio disfarçado de ‘opinião’. Não somos mais os que aceitavam ofensas em nome da paz social”, escreveu a vereadora, na publicação feita no Instagram.