Uma análise ainda provisória porque os dados disponilizados publicamente pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna ainda não são integrais mostram uma relação diferente entre os países à esquerda e à direita, face aos resultados obtidos em território português.

Em Portugal, PS e AD venceram as eleições com intervalo curto de votos (cerca de 40 mil votos) e separados por um mandato (8 eurodeputados eleitos para o PS e 7 para a AD), Chega foi a terceira força política mais votada, ainda que a curta distância da IL (separados por cerca de 30 mil votos, ambos elegeram 2 eurodeputados), e Bloco de Esquerda conseguiu a melhor votação à esquerda do PS, seguido da CDU (os dois partidos fivaram separados por cerca de quatro mil votos, cada um elegendo apenas 1 eurodeputado).

Quando olhamos para a votação dos emigrantes portugueses em vários países da Europa, os resultados espelham outra dinâmica e podem antecipar uma transformação maior, associada ao tipo de demografia de cada país.

Um dos casos emblemáticos é os Países Baixos, país que tem sido um dos principais destinos da emigração de jovens portugueses. Aqui, a Iniciativa Liberal foi o partido com mais votos e, em segundo lugar, ficou o Livre (26,58% e 23, 46%, respetivamente). Só depois, em terceiro lugar, vem a AD, com 13, 29%, seguida do BE e do PS.

Na Alemanha, onde o PS ganhou com 18,43% dos votos, o Livre foi o partido mais votado com 17,06%, ultrapassando a própria AD, ainda que por curtas décimas.

França mostra um quadro mais tradicional e replica no topo os resultados nacionais. O PS ganha (22,81%), seguido da AD (19,14%) e do Chega em terceiro lugar (16,43%), IL ascende ao quarto lugar com 12,53%), mas o Livre ultrapassa BE e CDU ficando em 5º lugar.

Aliás, nos sete países analisados, o Livre tem sempre melhores resultados do que os outros dois partidos de esquerda, BE e CDU.

A IL obtém melhor votação do que o Chega em cinco dos sete países analisados, só ficando abaixo em França (12,53% vs 16,43%) e na Suíça (14, 28% vs 21,79%), país onde o Chega ganhou as eleições europeias no que respeita aos votos dos portugueses. 

Já agora, olhando para fora da Europa, nos Estados Unidos, onde ainda faltam apurar consulados, a AD ganha, seguida de PS, mas IL e Livre são, respetivamente, a terceira e a quarta força política.

No Brasil, com todos os consulados apurados, o Chega venceu por margem confortável (35%), estando em segundo lugar a AD (23%) e depois o PS (18%).

Alemanha

PS – 18,43%

Livre – 17,06%

AD – 17,01%

IL – 15,05%

BE – 13,80%

CH – 6,42%

CDU – 4,63%

Bélgica

PS – 22,10%

AD – 18,63%

IL – 17, 33%

Livre – 17,15 %

BE – 9,31%

CH – 6,13%

CDU – 2,96%

França

PS – 22,81%

AD – 19,14%

CH – 16, 43%

IL – 12,53%

Livre – 10,97%

BE – 8,77%

CDU – 3,67%

Luxemburgo

AD – 22,84%

IL – 22,29%

PS – 17,42%

CH – 14,83%

Livre – 8,12%

BE – 5,84%

CDU – 4,22%

Países Baixos

IL – 26,58%

Livre – 23, 46%

AD – 13, 29%

BE – 13,21%

PS – 11,24%

CH – 3,57%

CDU – 2,96%

Reino Unido

PS – 19,17%

AD – 17,37%

IL – 16,95%

Livre – 13, 21%

BE – 12, 45%

CH – 10,81%

CDU – 3,67%

Suíça

CH – 21,79%

PS – 19,43%

AD – 16,82%

IL – 14, 28%

Livre – 10,79%

BE – 6,72%

CDU – 4,36%