“Coincidimos com o seu apelo [do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden] ao estabelecimento de compromissos ambiciosos. Neste sentido, determinei que a nossa neutralidade climática seja alcançada em 2050, antecipando em 10 anos a sinalização anterior”, disse Bolsonaro, num discurso transmitido na abertura da cimeira dedicada ao clima, convocada pelo chefe de Estado norte-americano e que reúne 40 líderes globais.
Atingir a neutralidade climática significa não emitir mais gases na atmosfera do que aqueles que um país é capaz de absorver nos seus biomas.
Bolsonaro não fez referência aos atuais recordes de destruição registados na Amazónia, maior floresta tropical do planeta, mas destacou o “compromisso de eliminar o desflorestamento ilegal até 2030 com a plena e pronta aplicação” do código florestal do país.
“Com isto eliminaremos em quase 50% as nossas emissões até esta data”, assegurou.
O chefe de Estado do Brasil, porém, não anunciou novas contribuições nacionalmente determinadas (NDC), que é a meta de descarbonização assumida no âmbito do Acordo de Paris.
Bolsonaro reiterou as metas já assumidas pelo país de cortar emissões em 37% até 2025 e em 43% até 2030.
Antes de apresentar as intenções do Governo brasileiro, Bolsonaro fez um histórico das políticas para o meio ambiente adotadas em gestões anteriores e frisou que a causa maior do aquecimento global foi a queima de combustíveis fósseis ao longo dos últimos 200 anos.
Bolsonaro destacou que o Brasil participou com menos de 1% das emissões históricas de gases de efeito estufa.
“No presente, respondemos [no Brasil] por menos de 3% das emissões globais. Contamos com uma das matrizes energéticas mais limpas com renovados investimentos em energia solar, eólica e biomassa”, argumentou o Presidente brasileiro.
Para cumprir as metas anunciadas, Bolsonaro reconheceu que a tarefa será complexa e frisou que medidas de comando e controlo são necessárias.
O Presidente brasileiro disse, sem apresentar dados concretos, que apesar das limitações orçamentais do Governo brasileiro, determinou “o fortalecimento dos órgãos ambientais, duplicando os recursos destinados às ações de fiscalização.”
O líder brasileiro também pediu a justa remuneração por serviços ambientais prestados pelos biomas brasileiros ao planeta.
“Diante da magnitude dos obstáculos, inclusive financeiros, é fundamental poder contar com a contribuição de países, empresas, entidades e pessoas dispostos a atuar de maneira imediata, real e construtiva na solução desses problemas”, afirmou.
“É preciso haver justa remuneração pelos serviços ambientais prestados por nossos biomas ao planeta como forma de reconhecer o caráter económico das atividades de conservação”, completou.
Pressionado pelo aumento da desflorestação de seus principais biomas, o Brasil, que já foi um líder global no debate sobre conservação do meio ambiente, tem sido alvo de críticas constantes devido à falta de empenho na causa ambiental.
A cimeira de líderes sobre o clima, que tem a Casa Branca como anfitriã, ocorre entre hoje e sexta-feira e foi convocada para sinalizar uma mudança na política do Governo dos Estados Unidos no debate sobre meio ambiente.
A conferência também é vista como uma etapa importante para ampliar planos das potências globais que serão debatidos na 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que acontecerá em novembro, em Glasgow, na Escócia.
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