“Por um lado, temos tido, neste percurso até aos Jogos, um conjunto de sinais muito positivos do ponto de vista dos resultados desportivos. Nós tivemos, no ano anterior, em modalidades olímpicas, cinco campeões do mundo. Não é brincadeira. Mas, ao mesmo tempo, o meu receio é sempre o mesmo: nós temos uma elite muito curta, muito pequena. Basta que aconteça qualquer coisa a este ou aquele atleta e lá se vão os resultados que eram expectáveis e não conseguem ser concretizados”, notou.
José Manuel Constantino respondia assim a uma questão sobre as suas expectativas para os próximos Jogos Olímpicos, depois de ter sido distinguido com o doutoramento ‘Honoris Causa’ pela Universidade de Lisboa, numa cerimónia que decorreu hoje na Faculdade de Motricidade Humana, em Oeiras.
“Neste momento, a principal preocupação do COP é ter uma base mais confortável de atletas apurados [tem 21 quotas garantidas]. Essa é a nossa maior preocupação, porque, nesta altura, estamos ligeiramente abaixo do que era estimável. Resolvido esse problema, temos naturalmente depois de tratar da elite dos resultados”, reconheceu.
O presidente do Comité Olímpico de Portugal gostaria que aquelas modalidades em que Portugal tem tido “resultados de topo”, como o tiro com armas de caça, a canoagem ou o ciclismo, consigam confirmar essas performances em Paris2024.
“Também importante, a preparação está a correr bem. Não falta aquilo que é necessário para a preparação. Os atletas estão a estagiar onde entendem dever estagiar, estão a ser acompanhados por quem entendem dever ser acompanhados, e, portanto, do ponto de vista das condições que são oferecidas aos atletas para a sua preparação desportiva, tudo está a ser cumprido. Oxalá, depois também os resultados cumpram este desiderato”, elencou.
Constantino mostrou-se ainda comovido com as palavras do Presidente da República, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter salientado, na cerimónia do ‘Honoris Causa’, que o presidente do COP mudou o desporto em Portugal.
“Eu estou numa situação pessoal muito fragilizada. Eu saí há duas horas do hospital e vou ter de regressar. Esse facto quebra-me emocionalmente. Qualquer coisa que me digam ou evoquem tem enorme emoção. Choro com facilidade. As palavras dele estão um pouco nesta linha, na linha de quem me tocou do ponto de vista emocional, da minha sensibilidade”, referiu.
O contexto que está a viver neste momento, “numa situação de saúde crítica”, fez com que Constantino ouvisse as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, que presidiu à cerimónia, “com um ânimo, como uma ajuda”. “Como algo que alguém que está a viver o que eu estou a viver gosta de ouvir”, concluiu.
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