Vencedor: James Harden
É, sem sombra de dúvida, o maior vencedor do dia, apenas e só porque conseguiu tudo o que queria: sair de Houston e mudar-se para uma das equipas que tinha como destinos preferenciais. É a prova que o «player empowerment» é mesmo uma realidade e que, de facto, o jogo é dos jogadores. Até o que se joga fora das quatro linhas. Harden reencontra Kevin Durant, com quem jogou há uma década em Oklahoma City, e volta a integrar uma organização que, pela simples soma do talento à disposição do treinador Steve Nash, é automaticamente candidata (ou ainda mais candidata) a vencer o título da NBA. Se a conquista de um anel de campeão é a grande prioridade do canhoto, está hoje em melhor posição do que estava ontem.
Derrotado: Kyrie Irving
A chegada de James Harden a Brooklyn pode ter duas leituras para o base que falhou as últimas cinco partidas dos Nets por motivos pessoais ainda por esclarecer. Em primeiro lugar, o protagonismo das três superestrelas terá que ser repartido, mas sobretudo o estatuto de «ballhandler» já não será exclusivo de Kyrie. Depois, a decisão do «general manager» Sean Marks de avançar para o negócio pode também ter sido alavancada pela incerteza sobre o futuro de Kyrie. Com a troca, os Nets salvaguardam que, aconteça o que acontecer com o base, a equipa continua com duas superestrelas, o que significa que, se o «front office» perder a paciência com Irving, seguir em frente será uma decisão bem mais fácil de tomar.
Vencedores: Indiana Pacers e Cleveland Cavaliers
Pacers e Cavs entraram nesta mega-troca para ajudar a fechar negócio e, quando Nets e Rockets decidiram envolver mais equipas, estas já sabiam que iam ficar a ganhar porque seriam vitais para a concretização do acordo. A formação de Indianapolis perde um Victor Oladipo em último ano de contrato e que já tinha mostrado vontade de sair, mas ganha um Caris LeVert que parece ser bom encaixe no cinco inicial e tem contrato até 2023. Por sua vez, os Cavaliers deram aos Nets uma escolha de 2.ª ronda no draft de 2024 em troca do poste Jarrett Allen - um dos melhores jovens «bigs» da prova - e do extremo Taurean Prince. Para além de Pacers e Cavs, LeVert e Allen também são claros vencedores deste negócio.
Ouça aqui o episódio do Bola ao Ar, podcast sobre NBA da MadreMedia, dedicado exclusivamente à troca que levou James Harden de Houston para Brooklyn.
Derrotado: Ben Simmons
Os Philadelphia 76ers foram apontados como os favoritos a receber Harden e estariam dispostos a abdicar do base Ben Simmons, mas não aceitaram abrir mão de Matisse Thybulle e do «rookie» Tyrese Maxey. Perderam a corrida pelo barbudo para os Nets, mas, para Simmons, esta é a confirmação que, ao contrário do que o «general manager» Daryl Morey afirmou recentemente, o seu nome esteve sempre em cima da mesa. O talento geracional do «point forward» de 24 anos, considerado um dos jogadores mais completos da atualidade, não foi motivo para os 76ers dizerem "não" a Harden e isso poderá significar que Simmons tem os dias contados em Philadelphia.
Vencedor: A futura equipa de Andre Drummond
Jarrett Allen é uma adição perfeita à "SexLand", alcunha da dupla composta por Collin Sexton e Darius Garland, e faz sentido que o ex-poste dos Brooklyn Nets salte diretamente para o cinco inicial dos Cavaliers para iniciar o processo de crescimento com a dupla de jovens bases. Mas em Cleveland moram muitos jogadores para posições interiores - Andre Drummond, JaVale McGee, Kevin Love, Larry Nance Jr. - e é muito provável que Drummond, que está em último ano de contrato, seja trocado ainda no decorrer desta temporada. Se aquilo que os Cavs deram aos Detroit Pistons em fevereiro de 2020 pelo poste (Brandon Knight, John Henson e uma escolha de 2.ª ronda do draft de 2023) servir de barómetro, Andre Drummond pode ser uma autêntica pechincha.
Derrotado: A saúde mental de Steve Nash
Nash estreia-se como treinador e já tinha em mãos a gestão dos egos de Kevin Durant e Kyrie Irving, que está, em relação ao último, a revelar-se uma dor de cabeça. Com esta troca, acrescenta-se a este cocktail altamente explosivo a personalidade inflamável de James Harden, que terá que "aprender" a jogar novamente como apenas mais um elemento de um cinco recheado de talento e não como a figura central da equipa. A tarefa tem muito para correr bem, mas também tem tudo para correr mal. E o técnico de 46 anos está ainda mais pressionado para conseguir resultados numa janela temporal que, na melhor das hipóteses, será de duas ou três épocas, uma vez que Durant soma 32 anos, Harden tem 31, e ambos terminam contrato em 2023, embora tenham a possibilidade de acionar a “player option” e sair um ano antes.
Dúvida: Brooklyn Nets e Houston Rockets
Nets e Rockets, equipas no centro da troca, precisam de tempo. O tempo em Brooklyn servirá para perceber se a opção de hipotecar o futuro - déjà vu de 2013? - para apostar em Harden se traduz em títulos. Já em Houston, que se livrou do motivo de toxicidade no balneário, só o tempo dirá se Oladipo dará algum tipo de retorno - no pior cenário, serve para limpar espaço salarial no final desta época - e, em especial, o que valem as quatro escolhas de 1.ª ronda e as quatro possibilidades de troca de escolhas com os Nets, em drafts futuros. Só aí podemos determinar se Nets e Rockets venceram ou saíram derrotados. Até lá, é desfrutar de mais uma voltinha na montanha-russa da melhor liga de basquetebol do mundo.
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