Na última avaliação, em maio, a Moody’s manteve o ‘rating’ de Portugal em ‘Baa2’, mas subiu a perspetiva de estável para positiva.
No relatório da ação de ‘rating’, divulgado hoje, a Moody's refere que a subida de dois níveis na notação atribuída à dívida soberana portuguesa reflete os sustentados efeitos positivos, no médio prazo, "de uma série de reformas económicas e orçamentais, o desendividamento do setor privado" e o continuado "fortalecimento" do setor bancário.
A Moody's acentua que as perspetivas de médio prazo para Portugal são sustentadas em investimentos públicos e privados significativos bem como pela implementação de reformas estruturais, assinalando para ambos os casos a associação ao Programa de Recuperação e Resiliência (PRR).
Na informação hoje divulgada, a Moody's refere que o crescimento da economia e os orçamentos a apontar para o equilíbrio indicam que "o peso da dívida vai continuar a cair a dos ritmos mais rápidos entre as economias avançadas", embora a partir de níveis elevados.
Com a subida do 'rating' em dois níveis pela Moody's, que acontece numa altura em que o país atravessa uma crise política e num ambiente de abrandamento económico, a dívida pública portuguesa passa a ter três agências a avaliá-la em patamar de 'A'.
Relativamente à perspetiva, que a Moody's coloca em 'estável', a agência acentua que esta reflete a sua visão de que os riscos para o perfil de crédito de Portugal ao nível da notação 'A3' são equilibrados.
"As perspetivas mais positivas em termos de robustez económica e orçamental que a Moody's atualmente tem são contrabalançadas pelas recentes evidências de riscos políticos", refere o comunicado.
A agência refere as investigações de corrupção que levaram à demissão do primeiro-ministro, António Costa, e a convocação de eleições antecipadas para 10 de março, considerando que estes desenvolvimentos políticos podem "abrandar" os investimentos e reformas no âmbito do PRR.
"A subida de dois níveis no rating de Portugal para A3 anunciada pela Moody’s é uma excelente notícia para o país. Portugal fica agora com uma notação de risco em patamares 'A' por três agências de rating (Moody’s, Fitch e DBRS), o que abre a porta de um conjunto muito alargado de investidores à dívida pública portuguesa", referiu o ministro das Finanças em comunicado.
"Esta avaliação traduz-se assim em juros mais baixos para o Estado, as empresas e as famílias, o que é sempre importante, mas é ainda mais importante num contexto de uma política do BCE de taxas de juro altas", acrescenta.
Para Fernando Medina, "o facto de esta decisão da Moody’s ter sido tomada já após a marcação de eleições legislativas antecipadas, demonstra que os fundamentais da economia são robustos e confirma que Portugal conquistou um lugar entre o grupo de países com maior qualidade creditícia e maior credibilidade internacional. Um lugar que é essencial preservar".
O ‘rating’ é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
Os calendários das agências de ‘rating’ são, no entanto, meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.
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