O percurso do Senegal desde a independência tem sido de “consolidação da democracia”, que não será “desestabilizado seja qual for a origem dessas possíveis ameaças” à democracia e às instituições democráticas, disse Macky Sall, numa declaração, sem direito a perguntas, após uma audiência no Palácio de Belém com o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado do Senegal, que iniciou hoje uma visita de dois dias a Portugal, afirmou mais do que uma vez o seu “comprometimento com a paz no mundo, os direitos humanos e a democracia”, tema em que Marcelo Rebelo de Sousa também centrou a sua declaração.
Sobre a cooperação bilateral, tem sido “dinâmica” e os dois países estão ligados pela história mas também “pela defesa dos valores” por ambos apontados, disse o Presidente senegalês.
Macky adiantou que o Senegal vai a partir deste ano explorar gás e petróleo e elogiou o desempenho económico do país, tendo neste contexto garantido que “as empresas portuguesas são muito bem-vindas ao Senegal”.
Este tema será mais detalhado na reunião com o primeiro-ministro, António Costa, referiu o líder senegalês, que mencionou como oportunidades setores como as infraestruturas, a saúde, o imobiliário, a energia e a educação.
O papel do Senegal como observador da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi destacado pelos dois chefes de Estado nas declarações que fizeram, com Sall a destacar a importância das relações com a vizinha Guiné-Bissau e com Cabo Verde.
O chefe de Estado senegalês, que realiza a visita de Estado a convite do Presidente português, foi recebido por António Costa, no Palácio de São Bento, residência oficial do primeiro-ministro, incluindo a assinatura de instrumentos jurídicos antes de um almoço oferecido pelo chefe do executivo.
À noite, Marcelo Rebelo de Sousa oferece um jantar oficial a Macky Sall, no Palácio Nacional da Ajuda.
Na quarta-feira, a agenda do chefe de Estado senegalês inclui uma deslocação aos Paços do Concelho, onde receberá as chaves da cidade das mãos do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.
Macky Sall segue depois para a Assembleia da República, onde terá um encontro com o presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, antes de se realizar uma sessão solene em sua honra.
O Senegal tem registado uma forte agitação social, com manifestações após a condenação a dois anos de prisão do opositor e candidato declarado às presidenciais do próximo ano Ousmane Sonko, reprimidas pela polícia. Segundo as autoridades, 16 pessoas morreram nos protestos, no início do mês, mas a organização Amnistia Internacional aponta para 23 vítimas mortais.
O Presidente Sall, eleito em 2012 e reeleito em 2019, mantém o silêncio sobre as suas intenções relativamente à eleição presidencial agendada para fevereiro de 2024, para a qual já se declararam cerca de 20 candidatos.
Os opositores consideram que Sall está impedido constitucionalmente de concorrer a um terceiro mandato.
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