Segundo a agência Efe, o estabelecimento de uma remuneração mínima horária foi aprovado num referendo regional no final de setembro e só se aplica ao cantão de Genebra, onde 80.000 votantes, cerca de 58% dos que foram às urnas, disseram sim à iniciativa “23 francos é o mínimo”.
Num país de tradição liberal como a Suíça, só Genebra – uma das cidades mais caras do mundo – e outros dois cantões dos 26 que fazem parte do país têm um salário mínimo, e os próprios genebrinos tinham recusado fixar um em anteriores referendos (2011 e 2014).
A mudança de opinião foi associado pelos analistas à situação de crise criada pela pandemia de covid-19, de acordo com a agência Efe.
Segundo o diário francófono Le Temps, citado pela agência Efe, a crise económica que se avizinha levou muitos genebrinos a temer que as condições salariais piorem.
A pandemia também fez a população valorizar muitos trabalhos essenciais, como os do setor da saúde, segundo a Efe.
A cidade de Genebra, com uma economia muito dependente do turismo de classe alta associado aos negócios e à diplomacia internacional, está sempre nos primeiros lugares das listas das cidade mais caras do mundo, competindo frequentemente com Zurique, Singapura ou Hong Kong.
Segundo a agência Efe, alugar um apartamento em Genebra raramente fica abaixo dos 2.000 euros por mês e não há segurança social, pelo que cada pessoa deve ter um seguro de saúde privado, que para um pessoa de meia idade supera os 500 euros mensais por prestações básicas.
Até agora, o salário mínimo mais alto do mundo eram os 12,1 euros por hora garantidos aos trabalhadores australianos, o que mensalmente se traduziria em cerca de 2.180 euros, valor agora superado em Genebra.
O salário mínimo da cidade suíça também contrastará com os da União Europeia, onde países vizinhos da Suíça, como a Itália ou Áustria, não têm salário mínimo, e um país de alto custo de vida como o Luxemburgo o estabeleceu nos 2.141 euros mensais.
O salário mínimo da Irlanda, Países Baixos, Bélgica, Alemanha e França oscila entre os 1.706 euros irlandeses e os 1.539 franceses, de acordo com dados do Eurostar.
Nos restantes países apenas a Espanha ultrapassa os mil euros, com 1.108, próximos dos 1.122 dos Estados Unidos.
Em Portugal, o salário mínimo nacional é de 635 euros.
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