O mundo tem, desde 1991, 34 novos países. A maior parte (15) resulta do estilhaçar da União Soviética: Arménia, Azerbaijão, Bielorússia, Casaquistão, Estónia, Georgia, Letónia, Lituânia, Moldova, Quirguízia, Rússia, Tajiquistão, Turquemenistão, Ucrânia e Uzbequistão. A dissolução da Jugoslávia levou ao nascimento, ao longo de 17 anos, da Croácia, Eslovénia e Macedónia (em 1991), da Bósnia-Herzegovina e da Sérvia e Montenegro (em 1992), depois o Montenegro também se tornou autónomo, independente (em 2006) e o Kosovo (em 2008). Neste período a Checoslováquia também se dividiu em República Checa e Eslováquia. A Eritreia e Timor-Leste são alguns dos novos países das últimas três décadas.
Várias partes da Europa estão ávidas de independência. A Escócia já testou essa vontade num referendo que em setembro de 2014 frustrou os independentistas com apenas – mas expressivos - 44,7% de apoios.
As regiões europeias que reclamam maior autonomia ou independência têm em comum serem mais ricas do que a média do país. É uma vontade que contem egoísmos, ao deixar para trás a solidariedade com regiões mais pobres.
No norte de Itália, a Lombardia, que se queixa da “preguiça sulista” do Mezzogiorno, já teve, em 1996, Umberto Bossi, um então líder da Liga do Norte, a proclamar a independência, que não passou disso. Mas a questão subsiste, é mais fiscal do que identitária. O antigo orgulho na Fiat, na Vespa e em marcas do “made in Italia” como Armani, Prada ou Trussardi vai-se apagando com a mundialização. O norte industrial de Itália quer guardar para si o lucro da sua vitalidade. Um referendo há 10 dias confirmou o movimento para maior autonomia na Lombardia e no Veneto.
Na Bélgica, é velha a vontade dos flamengos de meter os valões de lado. Até na Alemanha, muita gente da Baviera não gosta de suportar parte dos custos do atraso dos “lander” da ex-RDA.
Várias outras regiões, umas mais pobres (como a Córsega), outras mais ricas (País Basco) também têm no seu interior sementes pró-independência que, de tempos a tempos, saem da surdina.
Os efeitos brutais da crise financeira e a globalização tão despersonalizante, a que se junta a defesa de valores culturais, levam cada vez mais gente a procurar a possibilidade de recuperar o controlo sobre o seu território.
A Catalunha talvez esteja a ser um laboratório para o que o século XXI nos vai trazer. Mostra-nos que há muitas tensões pela frente. Neste caso, Madrid e Barcelona acumularam erros na falta de diálogo. A marcação de eleições na Catalunha ainda antes do Natal parece uma evolução positiva, porque permite contar vontades. Mas o problema não vai desaparecer. O independentismo vai continuar a colocar a Espanha perante a questão territorial. É o debate que tanto inquieta os chefes de Estado e de governo na Europa, pelo temor de efeito dominó.
A TER EM CONTA:
O Russiagate pode vir a ser ainda mais complexo que o Watergate. A interferência a partir da Rússia (houve envolvimento de Putin?) nas eleições de há um ano nos EUA torna-se evidente. O chefe da investigação nos Estados Unidos, Robert Mueller, mostra-se implacável. Embora ainda sem tocar em Trump, está a apanhar gente de topo em volta de Trump. Para já, tem o chefe da campanha eleitoral sob altíssima pressão. Mas a maior preocupação para Trump tende a ser Papadopoulos – é ele e não Manafort a grande revelação das últimas horas.
O alerta para o estado do planeta assume modo cada vez mais grave.
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