Está na altura de nos despedirmos. Esta é a minha última crónica aqui neste espaço do SAPO24. Foram 218 crónicas, em 218 semanas consecutivas, um pouco mais de quatro anos. Gostei muito de fazer parte desta casa, especialmente porque pagaram-me para escrever que era algo que eu já fazia de borla nas minhas redes sociais. É como a nossa namorada começar a pagar-nos por sexo, é tornarmos o nosso hobby no nosso ganha-pão. E, ao contrário da namorada, que provavelmente não pagaria pelo sexo mal feito, aqui no SAPO24 pagaram-me sempre, mesmo pelas más crónicas, que foram muitas. Por isso é que este país não anda para a frente, enfim. Tachos. Dinheiro do António Costa para eu espalhar mentiras sobre a covid, Nossa Senhora e Salazar.

Como é o meu último dia de trabalho aqui, vou fazer o que todos fazemos no último dia de trabalho de qualquer outro emprego: engonhar e fazer tempo para chegar a hora de sair. Ninguém trabalha até ao fim do dia no último dia de trabalho, em vez de se sair às 18h, começamos a arrumar as coisas pelas 14h, depois de termos feito um almoço de duas horas,  vamos despedir dos colegas com um sorriso no rosto por estarmos livres, fazemos quatro pausas para café e lanchamos duas vezes e, quando damos por ela, são 16h. Fingimos que enviamos mais uns emails e que passamos o conhecimento aos colegas e, pelas 16h30 dizemos “Bom, então se calhar vou indo, não tenho muito mais a dizer e penso que em termos de caracteres para última crónica já chega bem. Eu depois passo recibo. Obrigado e até um dia. Vamos falando.”

Obrigado ao SAPO24 por me ter dado este espaço com liberdade absoluta e por apostar no humor, algo cada vez mais raro na maioria dos jornais.

Sugestões:

Como egocêntrico que sou, deixo as crónicas que mais gostei de escrever aqui neste espaço, seja porque acho que são as melhores, ou porque geraram mais ofensas nos comentários em pessoas que nem sabem distinguir um espaço de opinião e humor de um artigo jornalístico. Burros.