De Luís de Camões ao terramoto de 1755, o que Ursula von der Leyen veio a Portugal dizer sobre Portugal

Tomás Albino Gomes
Tomás Albino Gomes

Ursula von der Leyen esteve dois dias em Lisboa. Na capital portuguesa, a presidente da Comissão Europeia teve um jantar de trabalho com António Costa, participou na sessão de apresentação dos planos de recuperação português e da União Europeia, o Next Generation EU, e ainda foi convidada de Marcelo Rebelo de Sousa no Conselho de Estado.

Entre os temas debatidos, esteve em análise a atualidade da União, com particular destaque para o combate à covid-19, assim como a recuperação à crise provocada pela pandemia, mas também a preparação da presidência portuguesa, que começa em um de janeiro do próximo ano.

Foi ainda na segunda-feira que, após o jantar de trabalho com o primeiro-ministro português, a presidente da Comissão Europeia disse que o Fundo de Recuperação pós-pandemia é “feito à medida de Portugal” e manifestou-se convicta de que ele servirá para “estimular” a economia, protegendo as empresas e os empregos

Em 48 horas, isto foi o que von der Leyen disse sobre Portugal:

A presidente do executivo de Bruxelas afirmou que a Comissão e o Governo português estão “em contacto estreito” sobre “o desenvolvimento do plano” estratégico de recuperação e resiliência, frisando que ele está “afinado com as prioridades da UE” ao nível ambiental e digital.

Já hoje, na apresentação dos planos de recuperação, von der Leyen elogiou a forma como os portugueses "responderam com responsabilidade, humildade e solidariedade à pandemia" e também "a decisão histórica em garantir direitos de cidadania a migrantes e requerentes de asilo para obterem cuidados de saúde".

Para Ursula von der Leyen, Portugal não só foi um exemplo no combate à pandemia, como pode sê-lo durante a recuperação. “Portugal não está só bem colocado para tirar o máximo do ‘Next Generation EU’, como pode dar um ‘blueprint’ [rascunho] para os outros”, disse von der Leyen apontando como exemplo o “forte ênfase nas reformas” do programa europeu que encontra, em Portugal, um país com “enorme experiência” de reformar.

O terramoto de 1755 foi utilizado como analogia da “grande mudança e progresso na Europa”, como “exemplo de renovação e recuperação” em tempos de pandemia, também ela ocorrida num momento de “profundas mudanças na Europa” como as transições energética e digital.

“A necessidade de voltarmos a levantar-nos é hoje tão importante como no séc. XVIII”, afirmou, admitindo que “os tempos são diferentes” e exigem “formas de fazer as coisas diferentes”, mas destacando que o plano de recuperação de Portugal “espelha as prioridades” do fundo de recuperação europeu (Next Generation EU).

Daí parte importante do plano europeu ser o investimento “na sociedade de amanhã”, em que, disse, Portugal tem vantagem pelos investimentos que fez “sobretudo na transição verde e digital”.

A terminar a intervenção, a presidente da Comissão elogiou a “extraordinária responsabilidade e resiliência” dos portugueses à pandemia, como antes à crise económica e financeira, ou antes mesmo, ao longo da história.

“Portugal é um país de grandes exploradores […] Um país que sempre navegou em águas não cartografadas ‘Por mares nunca antes navegados’, para citar o grande Luís de Camões. Não posso pensar num país melhor para nos guiar por esta tempestade e para rumar ao nosso futuro”, concluiu Ursula von der Leyen.

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