Virá aí uma quarta vaga? Marcelo pede calma enquanto Costa confina

António Moura dos Santos
António Moura dos Santos

Se depois dos traumáticos primeiros dois meses do ano, estávamos convencidos que já tínhamos virado a página quanto ao pior que esta pandemia tem para oferecer, o dia de hoje tratou de nos colocar os pés na terra. Com 2.362 casos registados esta quarta-feira, desde 17 de fevereiro que não se via um valor assim tão elevado: 2.324.

A progressão da Covid-19 que se começou a verificar nos últimos dois meses atingiu assim um novo patamar e há quem já tema uma possível quarta vaga. Para lá do epicentro em Lisboa e Vale do Tejo, há sinais de que a região Norte está a assistir a um aumento também. No Serviço de Urgência do Hospital de São João tem-se sentido um aumento de 40 a 50% de casos suspeitos covid-19, com uma taxa de positividade que aumentou dos 1 a 2% registados nos últimos três meses para 10 a 15% nos últimos cinco dias.

Marcelo Rebelo de Sousa, apesar deste aumento, decidiu meter água na fervura, pedindo para que se evite um "discurso alarmista fundamentalista". O Presidente da República tem razão num aspeto: o esforço de vacinação empreendido desde o início do ano tem dado frutos, pois mesmo que não contendo a infeção comunitária — culpe-se as novas variantes — tem-se saldado em números mortais e de internamentos bem mais baixos que noutras alturas.

Faça-se o exercício: os 2.324 casos de 17 de fevereiro foram acompanhados por 127 óbitos e 4.137 internamentos, dos quais 719 em cuidados intensivos; hoje, foram registados 4 mortos e 504 internamentos com 120 em cuidados intensivos.

[Faça-se, no entanto, as devidas ressalvas, já que em fevereiro estávamos numa rota descendente de casos e essa mortalidade refletiu números muito elevados de infeções das semanas que antecederam esse dia — mas percebe-se que estamos ainda longe desse cenário]

Não obstante, apesar de longe de fases mais negras, o aumento não deixa de provocar preocupação, ainda mais perante as dificuldades que o Governo está a ter em conter o aumento sem recorrer a formas de confinamento mais rígidas. Uma dessas iniciativas em oposição às restrições tem sido a disponibilização da testagem. Hoje foi tornado oficial que os testes rápidos de antigénio vão ser 100% comparticipados a partir desta quinta-feira, sendo que cada pessoa vai ter direito a quatro por mês.

A juntar-se a estes problemas, a principal arma para debelar a pandemia, a vacina, tem sofrido níveis de rejeição alarmantes: apesar de mais de metade da população portuguesa já ter sido vacinada contra a covid-19 com pelo menos uma dose, perto de um milhão de pessoas não respondeu ao SMS da vacinação, seja por não concordar com a data, seja porque não quer ser vacinado. Quanto a este segundo grupo, um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública indica que 6,5% dos inquiridos disse não pretender receber a vacina e outros 6,8% estão indecisos.

Tais resistências podem provocar um atraso no esforço de vacinação, atraso esse que terá forçosamente de ser no caso de quem já foi vacinado com a primeira dose e ficou infetado a seguir (recorde-se, a primeira dose da vacina pode não prevenir a transmissão da Covid-19, contendo sim os seus sintomas): segundo a DGS, o reforço será dado apenas seis meses após infeção.

A questão quanto à segurança que se tem quando já se está vacinado, aliás, foi hoje motivo de notícia também. O tema começou com o gabinete de António Costa a anunciar que o primeiro-ministro entrou em isolamento após um membro do seu gabinete ter resultado positivo num teste à covid-19, isto apesar de Costa ter testado negativo e já ter recebido as duas doses da vacina.

Perante esta situação, o Presidente da República veio perguntar publicamente porque é que esse confinamento foi imposto a alguém aparentemente livre de perigo. “Isto tem de ser explicado, para que não haja a ideia errada de que a vacina não serve para nada”, disse Marcelo.

A resposta veio já ao fim do dia, por parte da DGS: Costa foi isolado pelo "princípio da precaução". “As pessoas vacinadas são abordadas, no que diz respeito ao isolamento e testagem, respetivamente, da mesma forma que as pessoas não vacinadas", disseram as autoridades de saúde.

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