Regressar às aulas, repovoar o interior

Ana Maria Pimentel
Ana Maria Pimentel

Um caminho conjunto entre Municípios e Universidades pode fazer do interior uma zona para onde os jovens têm vontade de ir, e as empresas se querem sedear. A Universidade do Minho fê-lo e a da Beira Interior segue-lhe o exemplo, mas o percurso tem que ser baseado na exigência e excelência e não no facilitismo.

Este ano 50 mil alunos foram colocados na primeira fase de acesso ao ensino superior, são milhares os jovens que todos os anos nesta altura mudam de casa e começam aqueles que serão os primeiros passos da sua vida adulta. Ora, se estes movimentos pendulares acontecem todos os anos, e se há Universidades e Politécnicos um pouco por todo o país, está na altura de os aproveitar para dar uma nova vida ao interior do país.

A Universidade do Minho iniciou o caminho há alguns anos e, agora, a Universidade da Beira Interior segue-lhe o exemplo, tem sabido aproveitar esta realidade, e conseguiu, pelo segundo ano consecutivo, colocar mais de 1.400 alunos na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior. A prova de que o interior não tem que ser uma fatalidade, e pode ser uma escolha cheia de oportunidades é que 70,2% dos alunos escolheram aquela instituição como primeira e segunda opção de escolha.

A UBI tem uma oferta formativa constituída por 23 cursos representativos de várias faculdades e áreas científicas, que têm todas as vagas preenchidas, incluindo a nova licenciatura em Inteligência Artificial e Ciência de Dados. O Mestrado Integrado em Medicina exigiu as classificações mais altas (acima dos 177,8), seguindo-se Psicologia (165,6), Ciência Política e Relações Internacionais (164,9). Engenharia Aeronáutica (152,7) e Cinema (151,2) têm notas acima de 150 e na categoria dos mais de 140 surgem Ciências da Comunicação (147,9), Gestão (147,8), Arquitetura (146,8), Ciências Farmacêuticas (146,3), Design de Moda (145,5), Ciências Biomédicas (141), Ciências do Desporto (140,6) e Sociologia (140).

No fundo, a UBI tem sabido modernizar não só a sua oferta letiva como também tornar-se numa referência na educação. Não basta haver a existência de uma instituição de ensino e casas baratas para atrair os jovens é preciso mais. E é esse trabalho que a Beira Interior faz bem. Além da crescente qualidade de ensino, há uma envolvencia de um ambiente industrial e de modernidade que faz com que os jovens se sintam atraídos por aquela zona do país.

Este trabalho tem que partir dos municípios e do Governo Central e ser feito em conjunto com as escolas que têm que evoluir e subir o patamar ao invés de adotarem uma estratégia de facilitismo. Essa não atrairá jovens, nem tecido empresarial. Siga-se o exemplo do Minho e da Beira Interior, ganha o país e todos ganhamos futuro.

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