Depois de um ataque, uma convenção. O que muda na segurança de Trump?

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

Donald Trump, de 78 anos, sofreu ferimentos ligeiros numa orelha durante um ataque a tiro de que foi vítima durante um comício de pré-campanha para as presidenciais norte-americanas de novembro, que decorria no estado da Pensilvânia.

Duas pessoas morreram no ataque, incluindo o atirador, identificado pela polícia federal norte-americana (FBI) como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, que abriu fogo a partir de um telhado perto do local do comício. Outras duas pessoas ficaram feridas no ataque.

O ex-presidente americano afirmou que Deus evitou a sua morte e pediu aos americanos que permaneçam unidos.

Por sua vez, Joe Biden, que enfrentará Trump numas eleições muito polarizadas, afirmou que "não há espaço nos Estados Unidos para este tipo de violência" — e ambos conversaram sobre o que aconteceu.

"Neste momento, é mais importante que nunca que permaneçamos unidos e mostremos o nosso verdadeiro caráter como americanos, permanecendo fortes e determinados, para não permitir que o mal vença", escreveu Trump na sua plataforma Truth Social na manhã de domingo.

Apesar do sucedido, a campanha continua. Esta segunda-feira, a Convenção Nacional Republicana arranca na cidade norte-americana de Milwaukee e terá como ponto alto a oficialização da candidatura de Donald Trump à Casa Branca.

Trump chega à convenção deste ano com o Partido Republicano unido, num contraste evidente com os rivais democratas, que enfrentam uma grande turbulência interna em torno da viabilidade da candidatura do atual chefe de Estado, Joe Biden.

O que acontece nesta convenção?

De acordo com a organização, ao longo dos quatro dias de Convenção são esperados "mais de 50.000 convidados em Milwaukee, incluindo os delegados que nomearão o próximo presidente e vice-presidente dos Estados Unidos".

Na prática, os delegados angariados ao longo das eleições primárias republicanas em todos os estados e territórios norte-americanos devem aprovar e designar formalmente o duo que disputará o sufrágio, agendado para 5 de novembro.

O magnata republicano garantiu a maioria dos delegados durante as primárias, no início deste ano, pelo que a sua nomeação em Milwaukee está garantida e é considerada uma formalidade.

Nesse sentido, espera-se que Donald Trump aceite a nomeação com um discurso em 18 de julho, a noite final da convenção.

E já se sabe quem vai ser o vice de Trump?

A lista de possíveis candidatos englobava o senador da Florida Marco Rubio, o também senador J.D. Vance, do Ohio, e o governador de Dakota do Norte, Doug Burgum.

O anúncio oficial surgiu na sua plataforma Truth Social. "Após longa deliberação e reflexão, e considerando os tremendos talentos de muitos outros, decidi que a pessoa mais adequada para assumir o cargo de vice-presidente dos Estados Unidos é o Senador J.D. Vance do Grande Estado do Ohio", informou Donald Trump.

"J.D. serviu honrosamente o nosso país no Corpo de Fuzileiros Navais, licenciou-se na Universidade do Estado do Ohio em dois anos, Summa Cum Laude, e é licenciado pela Faculdade de Direito de Yale, onde foi editor do The Yale Law Journal e presidente da Associação de Veteranos de Direito de Yale. O livro de J.D., 'Hillbilly Elegy', tornou-se um grande best-seller e um filme, ao defender os homens e mulheres trabalhadores do nosso país", frisou ainda.

Trump escreveu ainda que "J.D. teve uma carreira empresarial muito bem sucedida nos setores da tecnologia e das finanças e, agora, durante a campanha, vai concentrar-se fortemente nas pessoas por quem lutou tão brilhantemente, os trabalhadores e agricultores americanos da Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Ohio, Minnesota e muito mais além".

O seu companheiro de corrida eleitoral de Trump deverá discursar na convenção em 17 de julho.

Depois de um ataque, como vai ser a segurança neste evento?

Kimberly Cheatle, diretora do Serviço Secreto dos Estados Unidos, referiu numa declaração citada pelo The Guardian que foi aumentada a segurança do ex-presidente e da Convenção Nacional Republicana em Milwaukee.

"Desde o tiroteio, tenho estado em contacto permanente com o pessoal dos Serviços Secretos na Pensilvânia, que trabalhou para manter a integridade do local do crime até o FBI assumir o seu papel de principal agência de investigação da tentativa de assassinato. Também tenho estado em coordenação com a equipa de proteção do antigo Presidente Trump e informei o Presidente Biden sobre os pormenores do incidente", explicou.

"O Serviço Secreto está a trabalhar com todas as agências federais, estatais e locais envolvidas para compreender o que aconteceu, como aconteceu e como podemos evitar que um incidente como este volte a acontecer", garantiu ainda.

Nesse sentido, "o Serviço Secreto dos EUA, em conjunto com parceiros federais, estaduais e locais de aplicação da lei e de segurança pública, concebe planos de segurança operacional para Eventos Especiais de Segurança Nacional (NSSE) para serem dinâmicos, a fim de responder a um ambiente de segurança cinética e às informações mais atualizadas".

Por isso, Kimberly Cheatle garante que vai ser proporcionado "o mais elevado nível de segurança e proteção aos participantes na convenção, aos voluntários e à cidade de Milwaukee".

São esperados protestos?

Sim, mas grupos de protesto não serão permitidos dentro da zona de segurança estabelecida pelos serviços secretos ao redor da arena de convenções. Contudo, estes tentarão chegar o mais próximo possível e atrair alguma atenção da imprensa.

O Principles First, que se descreve como um movimento popular nacional de conservadores pró-democracia e anti-Trump, realizará um comício na quarta-feira, tendo entre os palestrantes o ex-presidente do Partido Republicano Michael Steele.

O Comité Nacional Democrata também realizará eventos em Milwaukee, prometendo conferências de imprensa diárias e contraprogramação à Convenção Nacional Republicana, numa tentativa de alcançar eleitores numa cidade dominada pelos democratas.

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