Ainda se vai falar português nas Maurícias

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

Foram os portugueses que descobriram as Ilhas Maurícias, no início do século XVI, território a que chamaram Cirne. Estavam desertas e assim continuaram, até serem colonizadas pelos holandeses, anos mais tarde.

Séculos passaram e, por estes dias, Portugal e Maurícias juntaram-se: em Lisboa, como parte da visita de Estado, e em Cascais, no Fórum EurAfrican, evento promovido pelo Conselho da Diáspora Portuguesa.

Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República Portuguesa e presidente Honorário do Conselho da Diáspora Portuguesa, e Prithvirajsing Roopun, presidente da República das Ilhas Maurícias, estiveram reunidos na segunda-feira, no Palácio de Belém, a discutiram "novas e significativas oportunidades no plano bilateral e multilateral" que poderá ligar os dois países.

“Concordámos em reforçar e consolidar as nossas relações bilaterais. E discutimos como nós, sendo países menores, podemos juntar-nos e contribuir para o desenvolvimento económico não só dos nossos dois países, mas do continente africano”, declarou Prithvirajsing Roopun.

Já o residente português destacou o empenho conjunto dos dois países “na luta dos oceanos”, no plano multilateral, em particular no quadro das Nações Unidas.

“É uma luta importante para os dois países: preservar, proteger, garantir a biodiversidade. Garantir também a ratificação, necessária para ser aplicado, do Tratado sobre o Alto Mar”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado português salientou que Portugal “é o país da Europa com maior jurisdição nos mares”, acrescentando: “Isso é um tema que nos pode aproximar, quem sabe se não pode convencer as Maurícias a apoiar a nossa candidatura ao Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2027-28”

Uma possível união na CPLP

Marcelo Rebelo de Sousa mencionou ainda que “as Maurícias são membro associado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e, como observador da CPLP estão particularmente interessados, por exemplo, na língua portuguesa”, dada a vizinhança entre este país insular, situado no Oceano Índico, e Moçambique.

Segundo o presidente português, as Maurícias poderiam vir a ter “como terceira língua importante a portuguesa” e, “naturalmente, Portugal está muito empenhado nesse desenvolvimento”.

Já esta terça-feira, Marcelo defendeu, no Fórum EurAfrican, que as Ilhas Maurícias deviam aderir à CPLP.

"A CPLP, ano após ano, tem um número cada vez maior de observadores, quase todas as grandes potências são observadoras da CPLP, nos vários continentes, incluindo a Ásia", vincou o chefe de Estado português, que lembrou a importância de Angola e Moçambique no contexto regional das Ilhas Maurícias.

Antes, questionado sobre se pretende evoluir do estatuto de observador da CPLP para a adesão plena, o chefe de Estado das Maurícias não respondeu diretamente mas considerou que é importante "encorajar os estudantes mauricianos a aprenderem português, com o apoio da CPLP" e acrescentou que essa proximidade "pode ajudar as relações com Moçambique", o país lusófono mais próximo das Ilhas Maurícias.

*Com Lusa

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