Os turistas e os trilhos perigosos. O guia para quem vai por atalhos e se mete em trabalhos

Beatriz Cavaca
Beatriz Cavaca

Esta terça-feira o presidente do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) da Madeira, Manuel Filipe, indicou que há turistas a frequentar percursos pedestres encerrados, na ilha, isto durante o incêndio que lavra desde quarta-feira. Já no continente, esta segunda-feira, foram localizadas 12 pessoas que se perderam no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

No caso da Madeira a situação parece justificar-se, segundo Manuel Filipe devido ao facto dos meio serem escassos.

O presidente apelou assim para o cumprimento das regras de não utilização dos percursos classificados que foram encerrados, argumentando que é uma forma de “salvaguarda para as próprias pessoas e também para todo o sistema, porque caso aconteça alguma coisa é preciso ir socorrer e não há meios para esse efeito”.

"Temos verificado é que há turistas que efetivamente não cumprem, que passam toda a sinalização, não cumprindo com as regras, e isso tem-nos causado alguns problemas”, apontou.

Este aviso acontece depois de ter sido notório que a Polícia Florestal não está empenhada em permanência na fiscalização dos trilhos e no domingo foi possível identificar três cidadãos, que serão sujeitos a uma coima, a frequentar o percurso pedestre que liga o Pico do Areeiro ao Pico Ruivo, muito procurado por turistas, segundo Manuel Filipe.

De acordo com o IFCN, neste momento estão encerrados catorze percursos pedestres classificados e quatro áreas de lazer, nomeadamente: as veredas da Ilha, do Pico Ruivo, da Lagoa do Vento, do Pico Fernandes, do Túnel do Cavalo, da Câmara de Carga do Rabaçal e da Palha Carga, além das levadas das 25 Fontes, Velha do Rabaçal, do Risco, do Alecrim, do Paul II – um caminho para todos e da Rocha Vermelha. Intransitável está ainda o Caminho do Pináculo e Folhadal.

As áreas de lazer da Fonte do Bispo, das Cruzinhas, do Fanal e do Rabaçal estão igualmente fechadas, desaconselhando o instituto a circulação nas zonas montanhosas da região.

Já na Peneda-Gerês o grupo, que inclui "quatro lusodescendentes e oito [cidadãos] de nacionalidade francesa", foi localizado por volta das 00h00, "chegando perto dos veículos por volta das 02:20", indicou à Lusa fonte do Comando Sub-Regional do Cávado.

As 12 pessoas encontram-se "bem e sem quaisquer ferimentos", notou, referindo que foram localizados na zona de Vilar da Veiga, no concelho de Terras de Bouro (Braga).

A Proteção Civil tinha dito anteriormente à Lusa que se trata de um grupo de “seis adultos e seis menores” que estavam a percorrer “o trilho da Cascata do Arado ao Poço Azul”.

O que recomendam as autoridades ao caminhar em percursos pedestres?

Para quem se vai por atalhos não se meter em trabalhos existe um guia de conduta do AGIF (Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais) e do Turismo de Portugal que alerta para alguns cuidados em caminhadas pela floresta. Os principais são:

  • Levar mapa com traçado do percurso ou dispositivo para navegação GPS, com o percurso a realizar;
  • Comunicar às entidades competentes situações que causem perigo e comportamentos suspeitos ou desadequados;
  • Manter-se no percurso sinalizado e/ou previsto;
  • Respeitar a propriedade privada;
  • Deixar as cancelas como foram encontradas;
  • Evitar fazer ruídos que perturbem o meio ambiente;
  • Não recolher nem danificar plantas ou perturbar os animais;
  • Fazer-se acompanhar de guias de campo, nomeadamente de aves e de plantas, bem como de máquina fotográfica e binóculos para observação da fauna à distância;
  • Manter distância de segurança às cercas elétricas;
  • Não fazer lume fora dos locais permitidos e preparados. Caso seja permitido fazer, utilizar sempre os equipamentos vocacionados para o efeito (p. ex: churrasqueiras em Parques de Merendas);
  • Não abandonar lixo;
  • Não destruir ou modificar a sinalética
  • Não danificar elementos do património ou outros equipamentos existentes;
  • Circular com veículos apenas em zonas autorizadas;
  • Comprar e consumir produtos locais, contribuindo para as economias dos lugares visitados;
  • Se se fizer acompanhar de um animal de companhia, certificar-se que não perturba a fauna ou gado local;
  • Não efetuar o percurso só: ir sempre com companhia;
  • Ter cuidado com o gado. Embora manso não gosta da aproximação de estranhos às suas crias;
  • Ter presente que nos meses de inverno, os percursos que atravessam ribeiras poderão estar intransponíveis após chuva forte e que nas mais elevadas altitudes poderá existir neve ou gelo;
  • Nos percursos que atravessam zonas de caça, durante o outono e inverno, ter em atenção que as quintas-feiras, os fins de semana e os feriados, são dias de atividade cinegética;
  • Evitar fazer o percurso nas horas mais quentes do dia, nomeadamente nos meses de verão e em especial nos dias em que haja alerta de temperaturas muito elevadas.
  • Obter previamente informação sobre a área e sobre o percurso. Visitar os centros de interpretação ou informação antes de começar;
  • Certificar-se da duração estimada do percurso e garantir que a mesma se finaliza antes de anoitecer;
  • Comunicar a alguém (familiar, amigo) o início de realização de um percurso;
  • Possuir sempre elementos para - em caso de acidente - indicar a posição com a máxima precisão possível;
  • Identificar o local de pernoita, caso aplicável;
  • Transportar alguma comida e água de reserva;
  • Nunca realizar um percurso sem levar algum tipo de dispositivo de contacto (telemóvel, rádio, etc.). Verificar o estado de carga da bateria;
  • Ter consciência dos limites pessoais (físicos e técnicos) ou de cada um dos elementos do grupo.

Em caso de acidentes, o que fazer?

Em caso de emergência as autoridades aconselham a:

  • Manter a calma;
  • Contactar o 112 e relatar a situação e responder às questões;
  • Dar a melhor indicação possível de localização;
  • Ter presente que mesmo sem rede de operadora a chamada para o 112 é automaticamente viabilizada se existir rede de outra operadora. O mesmo para um telemóvel sem saldo ou com uma carga mínima de bateria;
  • Acionar os mecanismos disponíveis de segurança e bem-estar;
  • Procurar manter sempre o contacto.

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