Um sábado marcado por duas manifestações "pacíficas e serenas" em Lisboa

Ana Damázio
Ana Damázio

Milhares de pessoas de diferentes culturas e etnias participaram hoje, pelas 15h00, em Lisboa, numa manifestação contra a violência policial e para exigir justiça para Odair Moniz, o homem baleado por um agente da PSP, na passada segunda-feira, na Cova da Moura, na Amadora, em Lisboa.

A abrir a manifestação, que tinha como ponto de partida o Marquês de Pombal e como destino a Praça dos Restauradores, estava uma faixa com a fotografia de Odair Moniz, segurada por familiares e vizinhos, assim como por Cláudia Simões, que acusou um agente da PSP de a agredir, numa paragem de autocarro, na Amadora, em 2020.

A Avenida da Liberdade estava repleta de bandeiras do movimento Vida Justa, que convocou a manifestação, assim como de Cabo Verde, país de origem de Odair Moniz.

Entre palmas, os manifestantes gritavam "Justiça para o Odair", “Violência policial, violência cultural” e, em crioulo cabo-verdiano, “Nu sta junta, nu sta forti [nós estamos juntos, nós estamos fortes]”.

Uma hora e meia depois do início da manifestação, na Praça dos Restauradores, várias pessoas depositaram flores no monumento onde estava uma fotografia de Odair Moniz, enquanto outras discursaram.

Entre as intervenções, pediram-se aplausos para a "união histórica" alcançada na iniciativa, com o presidente da Associação Moinho da Juventude, da Cova da Moura, na Amadora, Jacklison Duarte, a deixar um pedido: "Unidos, juntos e organizados podemos ouvir a nossa voz".

À mesma hora, concentraram-se na Praça do Município, também em Lisboa, cerca de duas centenas de pessoas, com bandeiras do Chega - e algumas do partido ADN e de Portugal - e cartazes onde se lia "Respeitem as nossas polícias" e "Polícias sim. Bandidos não!", prontas para dar início à manifestação convocada pelo Chega.

Ao chegar ao local, o líder do partido, André Ventura, afirmou aos jornalistas que o objetivo da manifestação - também promovida na sequência da morte de Odair Moniz - era mostrar que "há outro país" como contraponto aos "esquerdalhados contra a polícia".

"Precisamos é de mais polícia, precisamos é de polícias com mais meios, precisamos é de mais autoridade da polícia", defendeu o presidente do Chega.

Depois das declarações de André Ventura, pelas 15h30, o desfile em defesa da polícia e do Estado de Direito partiu em direção à Assembleia da República.

Estava previsto que ambas as manifestações terminassem na Assembleia da República, mas o movimento Vida Justa mudou o percurso da sua manifestação para não coincidir com a contramanifestação do Chega.

Após o fim das duas manifestações, a PSP emitiu um comunicado, onde afirma que “garantiu a segurança às manifestações”, realçando que as iniciativas “decorreram de forma pacífica, em serenidade e com civismo”.

"A PSP, como habitualmente acontece, empenhou-se - desde o planeamento à execução da operação policial - em conciliar o desenvolvimento das duas manifestações, tentando, a todo o momento, harmonizar as intenções e desígnios de ambos os promotores, adaptando o seu amplo dispositivo, no sentido de dar resposta positiva ao exercício do direito de manifestação por parte de todos os cidadãos", lê-se na nota.

A polícia diz ainda ter promovido "constante visibilidade e mobilidade dos meios policiais destacados para esta operação de segurança, prevenindo e evitando a existência de situações de alteração da ordem pública".

"Importa, assim, agradecer a todos os cidadãos que integraram estas manifestações, pelo seu elevado comportamento cívico e respeitador das orientações dos polícias de serviço", acrescenta a PSP.

*Com Lusa

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