É difícil descrever a imensidão de projetos presentes na edição deste ano da Maker Faire Rome, o mais importante evento maker europeu, e dos maiores ao nível global. Foram centenas de expositores e milhares de visitantes que passaram por seis dos dez pavilhões da Fiera di Roma. As zonas são temáticas, e uma delas tornou-se pivot da Maker Faire Rome: o espaço Makers For Space reúne universidades, entusiastas, empresas e outros criadores cujos projetos olham para o espaço. A curadoria está a cargo da seção italiana da British Interplanetary Society.
Não há fuga à Spaceship
A dominar as atenções no espaço Makers For Space estava este ano um enorme modelo da Spaceship da Space X, completa com um estágio Falcon. O modelo, criado com um elevado nível de detalhe, incluía, impressos em 3D, os motores deste protótipo dos lançadores da Space X. Os responsáveis por este modelo gigante pertencem ao coletivo Asimof, um grupo que se dedica à modelação em grande escala de artefactos da história da exploração espacial. No mesmo espaço, podíamos ainda encontrar um outro grande modelo destes criadores: uma reconstrução à escala de um Saturno 5. O segundo esteve em destaque na edição do ano passado, mas este ano foi destronado pela Spaceship.
Sabemos que a British Interplanetary Society está envolvida quando há um Skylon em maqueta. São talvez os únicos que mantêm viva a memória deste clássico vaporware, um projeto de avião espacial britânico que está em projeto desde que me recordo. O seu espaço específico era pouco mais do que uma banca para angariação de eventuais sócios, livros, canecas e t-shirts. No entanto, asseguraram a seleção de projetos, programa de oradores convidados e exposições temáticas.
Objetivos: Lua e Marte
Marte é cada vez mais o objetivo da exploração espacial, e isso estava muito bem representado na Makers for Space. Em exposição encontravam-se pequenos rovers que se podiam deslocar em simulacros de terreno marciano. Aqui mostrava-se o que se está a fazer, na robótica e na ciência, para assegurar que conseguiremos habitar Marte.
No entanto, mais próximo do que Marte está a Lua, e este foi o ano em que comemorámos os cinquenta anos da primeira presença humana no satélite do nosso planeta. Nesta vertente, os visitantes podiam visitar duas pequenas exposições. Numa, próxima da nave da Space X, estavam expostos manuais e dispositivos computacionais de satélites. Mas a mais interessante comemorava os cinquenta anos da ida à Lua. Aqui, os objetos expostos incluíam modelos detalhados da nave Apollo e do Moon Buggy, luvas de astronauta e artefactos pop sobre o espaço.
Mas o artefacto mais visitado, e encantador para os fãs do espaço, era o fragmento de rocha lunar recolhido pelos astronautas da missão Apollo 15. Não é todos os dias que temos oportunidade de estar tão próximos de um pedaço da Lua. Uma outra zona Makers for Space permitia aos visitantes aprender a pilotar módulos lunares e tentar aterrar na Lua. Dois simuladores bastante concorridos pelo público.
A Makers For Space ainda incluía outros projetos, entre os quais drones para comunicação com satélites ou réplicas de aeronaves impressas em 3D capazes de voar foram alguns dos projetos. De salientar a presença dos alunos da universidade La Sapienza, que mostraram os seus rovers robóticos, projetos de foguetes impressos em 3D, ou projetos educativos para estimular as crianças na exploração espacial.
Fora da área Makers for Space, havia ainda outros projetos cujo foco estava no espaço. Curiosamente, nenhum era sobre robótica, aeronáutica, computação e inteligência artificial, ou outras áreas de ponta. Os projetos espaciais mais intrigantes estavam na área da agricultura.
Agricultura em Órbita
O projeto BioPic especializa-se na construção de pequenas hortas auto-contidas, com sistemas de iluminação por infravermelhos e leds para permitir o crescimento das plantas. Na Faire, mostravam-se duas aplicações para a sua tecnologia: como pequena horta caseira e como sala de aula. Aqui encontrava-se a simulação de uma quinta em Marte, numa recriação de uma possível colónia marciana.
Vindo da universidade de Milão, o projeto Hortextreme está a desenvolver soluções de equipamentos para agricultura em ambientes extremos, como futuras colónias marcianas ou lunares, ou na Estação Espacial Internacional. Na Faire, mostraram o seu protótipo funcional de módulo agrícola para a ISS: um equipamento insuflável, contendo iluminação ambiental gerada por leds. O sistema utiliza micro vegetais de crescimento rápido, que permitirão aos astronautas uma dieta mais variada e equilibrada.
A Maker Faire Rome mostra que a cultura Maker é capaz de sair da garagem ou do fablab e afirmar-se em projetos estruturados, científicos ou económicos. Já a Makers For Space, comprova que o Espaço também atrai a criatividade dos fazedores.
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