A peça, encenada por Marta Carreiras e pelo ator Romeu Costa, versa sobre a tortura, uma “questão muito política e social, que continua a existir no mundo e que, infelizmente, pode acontecer em toda a parte”, como disse o encenador à agência Lusa na altura da estreia, na Sala Mário Viegas, palco onde agora volta.
A violência física fica, contudo, fora da ação, limitando-se a trama ao debate entre duas pessoas que estão em lados opostos da barricada, explicou na altura o encenador.
“Pedro e o Capitão” é um projeto no qual Romeu Costa e Marta Carreiras trabalharam desde 2015, e no qual apostaram muito na vertente vídeo.
O diálogo entre Pedro (Pedro Gil) e o capitão (Ivo Canelas) vive muito do que se passa em termos de ação física e do que é projetado na tela, acrescentou Romeu Costa.
Mais do que mostrar a desumanidade do torturador, Romeu Costa referiu que a peça pretende mostrar que qualquer das personagens acaba por ser vítima do sistema em que vive.
“E isso acontecia no passado como pode acontecer nos dias de hoje”, referiu o encenador nascido no mesmo ano (1979) em que o poeta e ensaísta uruguaio escreveu esta peça, quando se encontrava exilado em Cuba.
Se a tortura é o pano de fundo de “Pedro e o Capitão”, a manipulação psicológica e visual é quem estabelece as regras do jogo na ação.
Trata-se, assim, de um espetáculo que visa “explorar” os limites da comunicação cénica através das ferramentas do teatro e do cinema e na qual o jogo cénico é feito nestas duas dimensões, numa aposta que conjuga sempre o que se passa em palco com o que é projetado na tela, observou Romeu Costa.
“E apesar de ser uma peça sobre a violência da tortura (…) optámos por montá-la à maneira grega, acabando por fazer com que o espectador imagine a violência sem que tenha de assistir a ela”, indicou.
Estreada no S. Luiz na altura em que Lisboa foi Capital Ibero-americana de Cultura, “Pedro e o Capitão” é uma produção do S. Luiz Teatro Municipal e do Teatro Municipal Constantino Nery, de Matosinhos.
Com tradução de Romeu Costa, “Pedro e o Capitão” tem vídeo de João Gambino, música e espaço sonoro de Pedro Salvador e cenografia e figurinos de Marta Carreiras.
O espetáculo pode ser visto às terças, quartas, sextas-feiras e sábados, às 21:00, às quintas-feiras, às 20:00, e, aos domingos, às 17:30, até 10 de novembro.
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