“O objetivo era redefinir o som da ficção científica”, disse o sonoplasta Mark Mangini, que venceu o Óscar de Melhor Som juntamente com Doug Hemphill, Mac Ruth, Theo Green e Ron Bartlett, nos bastidores da cerimónia.
“Tradicionalmente, a ficção científica usa o som de uma forma que é desenhada para complementar coisas que nunca vimos antes com sons que nunca ouvimos”, continuou. “Mas o mandato do Denis foi fazer um universo que soasse familiar. Por isso tivemos de repensar o som da ficção científica para que sentissem que estavam lá a ouvir um documentário”.
“Dune” acabou por ser o filme mais premiado da noite, apesar de Denis Villeneuve não ter sido nomeado para Melhor Realização, o que deixou o sonoplasta Theo Green “confuso”.
O filme levou os Óscares de Melhor Som, Melhor Banda Sonora Original, Melhor Montagem, Melhor Direção de Arte, Melhor Cinematografia e Melhores Efeitos Visuais.
Todos os vencedores por “Dune” que passaram pela sala de entrevistas salientaram o processo e o génio de Villeneuve, que se traduziu no domínio nesta noite de Óscares.
“Foi o filme mais colaborativo em que já trabalhei”, disse Paul Lambert, que levou a estatueta de Melhores Efeitos Visuais com Tristan Myles, Brian Connor e Gerd Nefzer.
Greig Fraser, que venceu o Óscar de Melhor Cinematografia, também mencionou esse aspecto. “Denis Villeneuve é um homem que confia nos seus colaboradores e sente que tem os instintos certos para conseguir um feito destes”, afirmou.
“Esta é uma história tão grande. É uma história sobre caráter”, disse o cinematógrafo, em resposta à Lusa, caracterizando o trabalho feito como “magia”.
“O céu foi um desafio, o deserto e o calor também”, detalhou. “No final, este filme tornou-se bom pelos seus colaboradores e artistas”.
Fraser, tal como outros vencedores de categorias técnicas, expressou o seu desagrado pela decisão da Academia de entregar oito estatuetas antes do início da cerimónia.
“Os filmes são feitos por sonoplastas, supervisores de efeitos visuais, editores, diretores de arte”, disse. “E parece estranho que haja um ostracismo aleatório”, considerou.
Joe Walker, vencedor por Melhor Edição, também criticou o que aconteceu. “É irónico que eu, como editor, tenha visto o meu discurso ser cortado”, referiu, descrevendo toda a colaboração como o trabalho de “uma banda bem ensaiada”.
[Ana Rita Guerra, da agência Lusa, em Los Angeles]
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