A exposição, que ficará assim aberta ao público durante um ano, “apresenta as 85 obras que constituem a Coleção Miró propriedade do Estado português, cedida ao município do Porto e depositada na Fundação de Serralves, e engloba importantes pinturas, esculturas, colagens, desenhos e tapeçarias do famoso mestre catalão”.
“Tendo sido inaugurada ao público em outubro de 2021, na sequência da conclusão das obras do projeto de recuperação e adaptação da Casa de Serralves, assinado pelo arquiteto Álvaro Siza, a exposição tem tido grande reconhecimento por parte do publico e da imprensa, sendo a sua data de encerramento agora prolongada”, pode ler-se no anúncio da Fundação de Serralves.
Para o curador da mostra, Robert Lubar Messeri, em declarações aquando da abertura em outubro do ano passado, havia “um mandato duplo: primeiro mostrar toda a coleção” do Estado, que inclui 85 obras do artista espanhol, “e depois a Casa, e o trabalho magnífico de reabilitação de Siza”.
Com seis décadas de obras, muito díspares entre si, “organizar cronologicamente não faria sentido”, detalhou Robert Lubar Messeri à Lusa.
“O meu critério para esta coleção extraordinário foi a estética — queria que estivesse o mais bonito possível”, afirmou.
Cumprido o requisito, foram dispostas salas individuais, algumas tendo “temas específicos”, como “o fascismo e a Guerra Civil Espanhola”, onde “dá para sentir a raiva nos quadros”, mas também “o desenvolvimento da língua gestual de Miró, os quadros selvagens, o protesto social, o tratamento e metamorfose da figura”.
Há ainda espaços onde “a materialidade de Miró” é apresentada em contraponto à “exploração do vácuo”.
Uma das curiosidades desta mostra é que será visível o trabalho de “conservação, que normalmente acontece nos bastidores, mas mais e mais museus estão a mostrar trabalhos a serem restaurados e conservados, porque é muito do que se faz nos museus, e será muito interessante para os visitantes”.
A coleção proveniente do antigo Banco Português de Negócios (ex-BPN) foi classificada em 2020 como de interesse nacional, num despacho que reconheceu a sua lógica, em termos de manifestação da produção artística de Joan Miró, como um “conjunto heterogéneo de criações realizadas ao longo de seis décadas, com recurso a diversos materiais, técnicas e suportes, incluindo, entre outros, óleos, aquarelas, desenhos, colagens e peças escultóricas, representando uma extensa e variada amostragem da obra do artista catalão”.
Já foi mostrada na exposição “Joan Miró: Materialidade e Metamorfose”, patente em Serralves, no Porto, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, e na Fondazione Bano, em Pádua, entre 2016 e 2018, e “Joan Miró and the Language of Signs”, apresentada no Palazzo delle Arti, em Nápoles, em 2019.
Comentários