
“A mostra é uma intervenção artística em uma mina de Sal-Gema em Loulé com cerca de 45km de extensão”, destacou a organização num comunicado, esclarecendo que a 17 de abril, os três artistas vão juntar-se e estar na inauguração da iniciativa promovida pela Associação Alfaia e o Festival Verão Azul, com o apoio da Direção-Geral das Artes,
“Cada autor ocupará uma câmara distinta dentro deste complexo subterrâneo, criando um percurso que convida os visitantes a uma jornada através de diferentes explorações artísticas do sal, da geologia e das relações humanas com o ambiente natural e tecnológico”, anteciparam os organizadores num comunicado.
Uma das artistas que vão estar presentes é Natália Loyola, que vai levar os visitantes a “explorar o campo das ecologias sonoras”, através de “instalações que transformam o tátil em experiências sonoras”, adiantou.
“Sua obra investiga a relação ténue entre artificial e natural, entre linguagem, espacialidade e geologia, ao integrar elementos tecnológicos para criar ambientes sonoros imersivos que convidam à reflexão sobre as narrativas do Capitaloceno”, acrescentou.
Victor Gonçalves é o autor de duas instalações que “exploram a relação tempo e matéria”, realçou a organização, precisando que uma delas se denomina “Evento Sentinela” e conta com “mais de 1.300 barcos de papel, feitos com o relatório da CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] da Braskem, no Senado Brasileiro, sobre o crime ambiental na mina de sal gema de Maceió”.
Na segunda, denominada “Situação-Salobra”, o autor criou “uma imersão sonora e tátil, onde o público é convidado a estar diante de blocos de sal”, debruçando-se sobre a “fragilidade entre meio e mensagem e a tensão entre o artificial e o natural”, assinalou.
A terceira artista participante é Maura Grimaldi, que vai levar o público por um “espaço de imersão de imagens” e por uma busca de “relações entre a experiência do cinema e o mundo subterrâneo das galerias da mina”, referiu.
“Poder experienciar, com proximidade, o ambiente da mina é tão sublime quanto assombroso. Tomamos consciência sobre a magnitude de um trabalho e equipamentos capazes de, ao mesmo tempo, oferecer recursos e intervir na paisagem de forma irreversível”, considerou Maura Grimaldi, citada no comunicado.
Natália Loyola afirmou, por seu turno, que “descer 230 metros terra adentro é mais do que um deslocamento físico, é um deslocamento de escala”.
“A mina de sal, com suas paredes de halita torna-se um lugar de total experiência sensorial. Ocupar uma mina em atividade é como entrar em um espaço onde a plasticidade do tempo se materializa em estratos, e onde a ação humana e a geologia se encontram de forma agressiva e poética”, disse ainda Victor Gonçalves.
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