“Quis criar um pouco uma sensação de roupa resistente à erosão do tempo, à intempérie, e criar com isso uma proposta muito urbana, onde as peças têm todas um caráter de proteção em quase todos os coordenados, e roupa que tem um lado que sobrevive à tendência de moda e que ultrapassa muito o espaço temporal”, disse à agência Lusa o designer português.
Para sugerir essa resistência, Luís Buchinho privilegiou “mais materiais técnicos nesta coleção”, com muitos ‘nylons’, gabardines de algodão tratadas com ‘foil’ para efeitos de cabedal, “um reinterpretar da flanela de xadrez típica das camisas de pescador” e “alguns feltros de lã também com tratamentos para parecerem envelhecidos”.
“Depois [há] também bastantes malhas, bastantes tricotados com ‘jacquards’ de inspiração nas imagens das nossas falésias, das nossas pedras e, também, uma série de sedas onde esse motivo gráfico está representado de uma maneira mais feminina, mais fluida, [enquanto] nas malhas é um pouco mais casual e mais informal, digamos assim”, acrescentou.
A coleção para o outono/inverno 2017-2018 inspira-se num imaginário marinho, com cores minerais a sugerir a costa portuguesa, silhuetas gráficas e geométricas a evocar barcos e falésias, texturas a lembrar as rochas e brilhos a remeter para redes molhadas de pesca.
“A inspiração vem do nosso litoral, de toda a costa portuguesa, com todo o universo que ela transmite, tanto em pescadores, barcos de pesca, as nossas falésias, as rochas com cores muito características e com padrões gráficos retirados, de uma maneira muito estilizada, de imagens que eu captei desse ambiente, no Alentejo”, descreveu Luís Buchinho.
O designer de moda sublinhou que há também “uma referência gráfica às traineiras, aos barcos de pesca, ao vestuário do pescador, ao universo das varinas que são uma figura que está sempre presente”.
Por isso, Luís Buchinho decidiu apresentar a coleção batizada “This is the sea” (“Isto é o mar”, em inglês) na Garage Lübeck, onde a passarela se transformou num armazém das docas, com um chão de cimento e paralelos, pilares metálicos, teto de madeira cinzenta e uma instalação branca com luzes suspensas a refletirem-se num painel de alumínio numa “alusão ao mar” e “quase como os destroços de barcos que dão à costa”.
A combinar com a próxima estação fria está uma paleta muito restrita de cores, dominada pelo preto, argila, branco, uma gradação de cinzentos e uns toques de vermelho, em que se destacam muitos brilhos metálicos de peças com lurex induzido, a sugerir “a ferrugem” das rochas e estampados de seda com motivos de pedras e argila.
Buchinho desenhou uma silhueta com “uma influência muito masculina”, com formas longas, soltas do corpo, sobreposições de saias e de calças, sacos ‘oversize’ e botas que prolongam os coordenados num efeito de “trompe l’oeil” de extensão do próprio tecido.
Luís Buchinho apresentou, ainda, em primeira mão em Paris, uma linha de óculos de sol, em que “são renovadas formas de óculos até bastante clássicos, com uma referência um pouco anos [19]70″, mas “com materiais e com combinações de cor muito diferentes daquilo que é habitual” e jogos gráficos de cor nas lentes.
No domingo, também à margem do calendário oficial da Paris Fashion Week Prêt-à-Porter, Fátima Lopes apresentará a sua nova coleção para a próxima estação fria no Dôme de L’Éléphant Paname, um centro de artes e dança localizado no número 10 da rue Volney de Paris.
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