Em 2023, atingiu perto de três toneladas a quantidade de mel com denominação de origem protegida (DOP) Serra da Lousã, recordou o presidente da direção da Lousãmel, António Carvalho, ao reconhecer que, em 2024, “o tempo correu bem” devido à alternância de períodos de sol e de chuva.
“Desde os incêndios de 2017, a produção foi sempre por aí abaixo e os apicultores andavam um bocado desanimados”, acrescentou.
A cresta do último verão “correu bastante bem” a alguns associados da cooperativa, com aumentos de produção de 100% relativamente a 2023, o que explica “uma média de 30 a 40%” no acréscimo da colheita, em geral, nos municípios ligados à Serra da Lousã, nos distritos de Coimbra e Leiria.
Porém, segundo António Carvalho, a produção de mel DOP na região “continua a estar mal”, longe dos níveis anteriores a 2017, que chegaram a rondar as 30 toneladas.
Em 2018, por exemplo, a quantidade do mel Serra da Lousã ficou-se pelos 900 quilos, a mais baixa das últimas décadas, após os fogos de 2017 terem consumido extensas áreas florestais onde predominavam os urzais, cujas flores estão na base das características únicas deste bem alimentar.
Na totalidade da produção disponibilizada pelos sócios à Lousãmel, em cada ano, não está contabilizado “algum mel” que fica habitualmente na sua posse, para consumo próprio, dos familiares ou amigos, esclareceu.
Entretanto, como atualmente, a cooperativa, com sede na Lousã, na Zona Industrial dos Matinhos – tem associados em várias regiões de Portugal -, acaba por receber mel de rosmaninho e outros, assumindo a sua comercialização.
“Muitas das vezes, não conseguimos ter uma noção real do que cada um produz. Há produtores que acabam por escoar o mel nos seus circuitos”, confirmou a diretora executiva da Lousãmel, Ana Paula Sançana.
Na sua opinião, 2024 “foi um ano de recuperação, mas ainda muito aquém do potencial” da cooperativa, disse, recordando o acentuar das quebras de produção, desde 2017, devido aos fogos florestais, mas também em consequência de outros fatores, como os ataques da vespa asiática às abelhas e diversas doenças que dizimam as colmeias.
Todavia, ressalvou, os aumentos de produção, sendo “um alento para os apicultores”, não lhes permitem ainda descer o preço do mel DOP Serra da Lousã, pois sofreram imensos prejuízos nos últimos anos, além de terem de custear despesas da certificação.
“Em 2023, tivemos três a quatro toneladas de mel certificado e agora subimos para o dobro, com sete a oito toneladas”, salientou Ana Paula Sançana.
Em 2024, “como choveu muito”, havendo também pelo meio períodos soalheiros e de céu azul, foi possível “equilibrar um pouco a produção”, justificou.
A região demarcada do mel DOP Serra da Lousã abrange 10 municípios: Arganil, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Góis, Lousã, Miranda do Corvo, Pampilhosa da Serra, Pedrógão Grande, Penela e Vila Nova de Poiares.
A 33.ª Feira do Mel e da Castanha da Lousã, organizada pela Câmara Municipal em parceria com a Lousãmel, vai decorrer de 22 a 24 de novembro.
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