O Guia Michelin Espanha e Portugal 2022, apresentado na terça-feira à noite na cidade espanhola de Valência, atribuiu a primeira estrela ('cozinha de grande nível, compensa parar') a cinco restaurantes portugueses: “Al Sud” (Lagos), “A Ver Tavira” (Tavira), “Cura” (Lisboa), “Esporão” (Reguengos de Monsaraz) e “Vila Foz” (Porto).
Carlos Teixeira, de 29 anos, estreou-se no Guia Michelin a dobrar: conquistou a primeira estrela Michelin para o “Esporão”, em Reguengos de Monsaraz, e foi um dos dois primeiros portugueses a receber a 'estrela verde' - juntamente com o “Il Galo d'Oro”, duas estrelas, na Madeira -, atribuída a restaurantes que se destacam pela preocupação com a sustentabilidade.
Distinções que são “um privilégio”, disse à Lusa.
Sobre a sua cozinha, explicou a preocupação: “Aproveitamos o que é nosso e valorizamos o que é local, os nossos fornecedores, as pessoas que trabalham connosco”, descreveu Carlos Teixeira.
Do “CURA”, Pedro Pena Bastos, de 31 anos, enalteceu a “mão-cheia de estrelas” que pontua as classificações do Guia Michelin ibérico de 2022.
“Estamos prestes a mudar o rumo da gastronomia portuguesa”, vaticinou.
Pedro Pena Bastos destacou o trabalho da sua equipa, que aguentou “nesta fase mais complicada de pandemia” e sublinhou que as novas estrelas Michelin portuguesas são um “incentivo para que mais jovens consigam trabalhar pela portugalidade, trabalhar a gastronomia [portuguesa] da melhor maneira e elevá-la ao máximo”.
Sobre a sua cozinha, definiu-a como “ter muito respeito pelo país, pela cultura e tradição”, procurando “reinventá-las de uma maneira mais contemporânea mais acessível a todos”.
Depois da estrela Michelin que detinha no restaurante “Bon Bon” (Carvoeiro), Louis Anjos conquistou a mesma distinção para o “Al Sud”, pouco menos de seis meses depois da abertura.
“É um sentido de responsabilidade muito grande, e num ano tão complicado, tem um sabor ainda maior”, afirmou.
O 'chef' caracterizou a sua cozinha como “de tradição, aquilo que é o Algarve, com muito produto, muita consistência, bons pontos de cozedura”.
Uma cozinha “louca” - foi assim que Luís Brito, 54 anos, definiu a cozinha do “A Ver Tavira”.
“União, força da equipa, trabalhar com os nossos produtos. Temos produtos fantásticos, desde o peixe à carne”, justificou o 'chef', que assume que receber a primeira estrela é “o culminar de um sonho, uma emoção enorme”.
Acima de tudo, privilegia a “cozinha portuguesa, com sabores muito caseiros”, disse.
Arnaldo Azevedo, de 36 anos, 'chef' do “Vila Foz”, afirmou que a distinção é resultado de “um trabalho de há alguns anos, de toda uma equipa, com uma dedicação todos os dias, com uma dedicação de corpo e alma”.
A sua cozinha destaca “o produto local, essencialmente peixes e mariscos” e recorre às “bases” da cozinha portuguesa, aliadas a “muita criatividade e empenho”, salientou.
Além destas novidades, em 2022, Portugal mantém todas as distinções anteriores e continua a não ter nenhum restaurante com a classificação máxima (três estrelas, 'uma cozinha única, justifica a viagem').
O país passa assim a contar com sete restaurantes com duas estrelas ('cozinha excelente, vale a pena o desvio') e 26 com uma estrela Michelin.
As distinções da edição do próximo ano do guia ibérico foram anunciadas numa gala no auditório do Palau des Arts Reina Sofía, em Valência.
No total, a seleção de 2022 do Guia Michelin ibérico inclui 1.362 restaurantes de Espanha, Portugal e Principado de Andorra, entre os quais 11 têm três estrelas, 40 com duas estrelas e 211 com uma estrela.
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