A coleção, que esteve em vias de sair do país e ser leiloada na Suíça, foi adquirida pelos CTT-Correios de Portugal, e estará patente até ao final do ano.
No âmbito das celebrações do Dia Mundial dos Correios, na cerimónia da inauguração, às 17:30 de segunda-feira, será também lançada a segunda série dos selos alusivos aos 500 anos do Correio em Portugal, cujas comemorações acontecerão em 2020.
Referindo-se à coleção que estará em exposição, o diretor de Filatelia dos CTT, Raul Moreira, disse à agência Lusa que é “uma coleção notável, considerada a melhor do mundo de D. Luís”.
Esta coleção inclui selos clássicos com a efígie do rei D. Luís, de fita curva e fita direita, emissões de relevo emitidas, e ainda subscritos, provas e até documentos nos quais os selos postais são utilizados como selos fiscais, nomeadamente num recibo de peças de linho, onde foi colocado um selo de D. Luís de 22,50 réis, e também numa nota de dívida, entre cunhados.
No total, a coleção exposta é constituída 1023 peças em 127 folhas de álbum, prontas para expor, porque o colecionador, Castanheira da Silveira, falecido em 2012, dedicou a sua vida a construir esta coleção, tendo ganhado várias medalhas de ouro com ela em certames internacionais”, disse Raul Moreira.
A coleção foi adquirida por “umas centenas de milhar de euros” e a sua exposição exige medidas de segurança, “garantidas pela Fundação das Comunicações, que alberga o património histórico dos CTT”.
Raul Moreira disse à Lusa, que “o paradigma de coleção de selos mudou” e, hoje em dia, a mais-valia de uma coleção não é apenas os diferentes selos emitidos, mas “tudo o que envolve o contexto da produção filatélica, e a circulação do selo postal”.
“O que se dá hoje mais importância, no capítulo da valorização das coleções [filatélicas], é a raridade dos espécimes, e o que é raro não está na coleção oficial dos operadores postais”, daí o especial interesse dos CTT em ter adquirido esta coleção de D. Luís.
“O que é apontado como raro são os erros [de impressão], os selos que foram propostos mas não foram emitidos, as provas dos selos feitas pelos impressores, os comentários feitos em cima dessas provas, os múltiplos, que é um conjunto de selos unidos pela serrilha, estes múltiplos encontram-se, por exemplo, em subscritos, dado o peso da carta, e sobretudo, as correspondências circuladas”, que têm ainda maior valor se o remetente ou o destinatário for uma personagem histórica, explicou Raul Moreira.
“Uma coleção clássica hoje, não são só os exemplares dos selos, mas todas estas coisas mais fora do vulgar que nos dão pistas sobre a vivência do selo”, sublinhou, acrescentando: “Uma boa carta circulada, com os selos e os carimbos nítidos e que, por acaso, tenha um remetente ou destinatário conhecido, é uma coisa que tem muito valor”.
Na exposição está patente o maior bloco de múltiplos, conhecido no mundo relativo a D. Luís, de fita curva. Trata-se de uma carta para Vila Real que tem 31 selos de 120 réis.
A exposição mostra outro bloco de múltiplos, com 28 selos de 25 réis, também de D. Luís, que constituem uma folha completa.
O presidente dos CTT, Francisco de Lacerda, em declarações à Lusa, qualificou como “relevante” a aquisição da coleção, impedindo-a de sair do país, assim como a sua exposição ao público.
O intuito, explicou o responsável, “é ter a coleção dos CTT tão completa quanto possível”, e foram identificados “alguns perfis” aos quais os CTT estão atentos, e que podem “vir a reforçar a coleção” existente.
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