Quando passar um minuto da meia-noite, voltam a soar os acordes calados há dois anos. Regressa a semana da Queima das Fitas do Porto, duas vezes adiada por causa da pandemia. A presidente da Federação Académica do Porto promete, em entrevista ao SAPO24, uma Queima repensada, com mais segurança e responsabilidade. Depois de dois anos de pausa, a grande festa dos estudantes está de volta para a 100.ª edição — e não quer voltar a ser notícia pelo piores motivos.

Há obras no centro da cidade e no parque onde se monta o Queimódromo, que obrigam a várias mudanças, vistas mais como uma oportunidade de melhorar o evento do que como um constrangimento. No Parque da Cidade, o palco foi mudado de sítio, há uma área de restauração e novas regras para as barraquinhas.

Com a baixa da cidade em profunda remodelação, o emblemático Cortejo sofre também ele grandes mudanças. Mantendo-se na zona história, deixa a Cordoaria para arrancar na rua Camões, fazendo apenas um pequeno percurso pela Trindade até passar, como habitual, pela tribuna no topo da avenida dos Aliados.

É um regresso “ambicioso”, conta Ana Gabriela Cabilhas, que aposta na “responsabilidade coletiva dos estudantes, porque todos querem este regresso da Queima das Fitas do Porto”.

Diogo Piçarra, Profjam, Dillaz ou Kevinho são alguns dos artistas que atuam na 100.ª Queima. Os portugueses Capitão Fausto, Quim Barreiros, Ana Malhoa, Wet Bed Gang, Nenny, Julinho KSD ou Revenge of the 90’s fazem parte do rol de artistas que também vão subir aos dois palcos da festa. As noites da Queima das Fitas começam esta noite e prolongam-se — numa semana sem aulas — até ao dia 7 de maio.

Seja para expiar os males que dois anos de pandemia trouxeram à tona no Ensino Superior, ou para usar a sátira como grito de alerta para os problemas do assédio e da falta de alojamento, os estudantes do Porto voltam à festa.

créditos: Pedro Soares Botelho | MadreMedia

"Sustentável, responsável, seguro e memorável". As palavras são vossas, mas a verdade é que as histórias que muitas vezes saem da Queima não são nem seguras, nem responsáveis. O que vai ser diferente desta vez?

Este regresso tinha de ser ambicioso, o interregno de dois anos permitiu à Federação Académica do Porto olhar para o evento, sempre aumentando as suas condições, não só de conforto, mas também de segurança.

A Queima das Fitas do Porto é marcada por boas memórias e, acima de tudo, há um compromisso da organização para termos metas não só do ponto de vista da sustentabilidade ambiental, mas também da prevenção de comportamentos de risco e do aumento da segurança no recinto.

Muitas destas medidas surgem de novas comissões, uma realidade também deste ano: temos uma comissão executiva de estudantes voluntários que auxilia a FAP na organização da Queima das Fitas do Porto; temos uma comissão ambiental; e uma comissão de prevenção de comportamentos de risco, com estudantes da Academia do Porto, neste último caso com estudantes de diversas áreas, desde a psicologia, a enfermagem, a nutrição, a farmácia, que estão também a receber formação com as nossas entidades parceiras, precisamente para não só prestarem um apoio maior no recinto, mas também convocarmos todos para uma atitude mais responsável — e eu acredito muito não só na parte da responsabilidade individual, mas também na responsabilidade coletiva dos nossos estudantes, porque todos querem este regresso da Queima das Fitas do Porto e, apesar de tudo, há um grande esforço para que seja um regresso com uma boa convivência, uma boa celebração e que seja marcado por episódios bons.

Para além desta reestruturação das comissões, que só por si já demonstra um reforço acrescido destas preocupações, vamos ter uma zona de apoio no recinto, um espaço de proximidade que está preparado para receber as mais diversas ocorrências: seja se um estudante se sentir inseguro, se estiver perdido... há uma equipa preparada para dar resposta. Haverá também uma linha de apoio no WhatsApp, que será disponibilizada para todo o recinto.

Depois, naturalmente, com aquela que é a alma da Queima das Fitas do Porto, as barraquinhas, está a haver um trabalho não só de formação dos estudantes que estão nas barraquinhas, mas também um trabalho de sensibilização, não permitindo qualquer imagem ou uso verbal de expressões que possam pôr em causa a dignidade da pessoa humana — e também aqui se sente uma atitude responsável dos vários estudantes envolvidos.

E acreditas que isso vai ter efeito — sobretudo no caso das barraquinhas, onde no passado surgiram imagens e relatos de situações obscenas? Para além da vontade de que seja diferente, vai ser possível controlar e garantir essa diferença?

Sim. Primeiro, porque sentimos uma atitude responsável por parte dos estudantes envolvidos, que vão estar nas barraquinhas — a adesão às formações que estamos a desenvolver. E, depois, todo um trabalho que já aconteceu pré-Queima das Fitas, com a validação das barraquinhas, daquela que é toda a envolvência e a dinâmica das barracas, desde a sua conceção, dos projetos que estão idealizados.

Uma vez mais, o recinto está preparado — e dizendo isto não estou a apelar a comportamentos desviantes, não é isso — precisamente como um espaço de diversão, de convívio e ajustado às várias necessidades e ocorrências que possam surgir; há um trabalho da FAP com várias entidades, seja na área da saúde, quer do ponto de vista do reforço da segurança.

Mas sentimos que neste regresso, que é tão esperado e ansiado, há uma responsabilidade coletiva de todos os estudantes da Academia do Porto e não podemos olhar para os comportamentos mais desviantes, que são uma minoria, comparando com toda a dinâmica e envolvência da Queima das Fitas do Porto, seja nas noites do Queimódromo, seja em todas as atividades académicas diurnas, sociais, culturais e recreativas que fazem muito daquilo que é o espírito, o sentimento e a mística de ser estudante na Academia do Porto.

Como é que os estudantes vão notar estas medidas de mitigação dos comportamentos de risco?

Temos uma estrutura de proximidade e contacto no Queimódromo. Para além de termos esta comissão de voluntários envolvidos — estudantes da Academia e entidades técnicas, como a DICAD [Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependência, da Administração Regional de Saúde do Norte] e do Ponto Lilás [prevenção de violência sexual], que estão a coordenar estas áreas com a Federação.

Temos também rondas ao recinto com uma estrutura de proximidade aos estudantes, para perceber o que se passa, identificar necessidades e possíveis ocorrências, mas há igualmente um trabalho que já está a ser feito antes do evento, juntamente com as barraquinhas, temos esta zona grande de apoio, para lá do apoio clínico, um espaço ainda mais seguro e preparado para receber estas diversas ocorrências; temos estes estudantes mobilizados no terreno e isto revela muito daquilo que é uma Queima de estudantes para estudantes.

Ao nível do reforço da segurança do evento, temos um reforço nas torres de vigia — e isto também dá para ter uma grande amplitude sobre o que se passa dentro do Queimódromo. Depois, há um conjunto de ações de sensibilização e proximidade, nas redes sociais e no próprio recinto, a apelar a um bom ambiente. Do nosso lado, estamos convictos de que todos os estudantes vão ajudar a FAP a criar um bom ambiente na Queima das Fitas do Porto, porque este é um regresso há muito esperado e há um grande cultivo das boas memórias, das boas recordações.

Não é estranho num evento de celebração do fim de um ciclo académico estarmos tão preocupados com aquilo que pode correr mal?

Nós temos de estar preparados — mas importa dizer que os comportamentos desviantes não são exclusivos dos estudantes do Ensino Superior, muito menos dos estudantes que frequentam a Queima das Fitas do Porto. Por isso mesmo, há aqui que ressalvar todo o contexto da Queima das Fitas do Porto que é muito mais que os comportamentos desviantes — que existem —, para os quais a Federação e a estrutura da Queima das Fitas estão preparadas.

Há dois anos, uma ação de protesto da praxe levou a que a FAP, a câmara, a universidade e todos os convidados abandonassem a tribuna na praça Humberto Delgado. De quem e para quem são a Queima das Fitas e o Cortejo?

A FAP já se pronunciou na altura sobre esse acontecimento. No que diz respeito à celebração da Queima das Fitas do Porto, é para os estudantes da Academia do Porto, é para todos os estudantes que já viveram a Academia do Porto e é também uma celebração para a cidade e para todos os que acolhem os estudantes que escolhem o Porto e o Grande Porto para estudar e acabam por ser cidadãos e viver todas estas cidades — apesar de tudo, é um evento de estudantes, para os estudantes, mas cada vez mais vai alargando os seus públicos.

E uma pessoa que não participe na Praxe tem lugar no Cortejo?

O Cortejo tem as suas regras, porque temos de assegurar que há um carro por cada casa, senão, tinha uma dimensão gigante; mas é possível participar no Cortejo: há regras definidas na ordem do Cortejo, mas todos os grupos académicos que não são praxistas têm a oportunidade de estar no final do Cortejo.

Há um conjunto de atividades académicas cuja organização é em parceria com o Magnum Consillium Veteranorum, assegurando muita da que é a identidade e tradição da Academia do Porto, nunca deixando nenhum estudante de fora — essa é também uma preocupação da Federação.

Aliás, chegam-nos várias questões sobre o traje e a própria FAP reconhece e apela a que os estudantes saibam que o traje é académico e pode ser usado nas mais diversas situações e conforme se sintam melhor.

Há o consumo de álcool, mas há muito mais que o consumo de álcool.

É frustrante que sempre que este evento sai para as notícias seja por coisas más? Ainda agora estive dez minutos a perguntar por elas...

Nós estamos a fazer um trabalho de reconhecer o que é a Queima das Fitas do Porto e, acima de tudo, mostrar que as exceções não marcam o que é a Queima. Há um conjunto tão grande de estudantes que tem uma convivência sã, positiva, a criar boas memórias — e isso é muito importante ressalvar.

Depois, mostrar este lado da Queima das Fitas do Porto que pode ser desconhecido: os 500 voluntários, estudantes que estão aqui connosco e cujo trabalho e compromisso é preciso reconhecer, não só de de ano para ano fazer acontecer esta celebração, mas também o compromisso quer da FAP, quer de toda a estrutura de voluntários para aumentar as condições de qualidade e conforto.

O reflexo disto foram estes dois anos em que estivemos a repensar identificámos a várias oportunidades de melhoria e tenho a certeza de que isso será visto e sentido por todos os que vão visitar o Queimódromo.

Faz sentido que tanto da atmosfera desta festa gire em torno da venda e consumo de álcool?

Esta festa é muito mais do que isso...

... mas também é muito isso.

Há o consumo de álcool, mas há muito mais que o consumo de álcool. Por isso mesmo, não podemos ter aqui uma visão só em torno disso e contribuir para aquela que é toda a vivência não só durante os dias [da Queima], mas também as noites. Há um convívio, um conjunto de amigos, há um Porto de encontro que se sente.

Quanto é que custa organizar a Queima — e qual o retorno?

O que me importa destacar é que o investimento da Queima das Fitas e o seu retorno é devolvido aos estudantes. O retorno da Queima é devolvido para a promoção do desporto universitário na Academia do Porto, é devolvido no espaço Pólo Zero, um espaço físico de estudo; temos dois centros comunitários da FAP no Bairro, que estão também a ser geridos pela FAP e por estudantes. Depois, há toda esta celebração, não só da Queima, mas da semana de receção aos estudantes. Por isso, todo o retorno da Queima das Fitas é para a Academia.

80% dos estudantes inquiridos no Porto reportaram um aumento no estado de ansiedade, stress, depressão durante a pandemia.

Como está a Academia do Porto?

Nesta fase concreta, passamos por desafios, estamos no reencontro com o outro — e, acredito, também num processo de reconfiguração das nossas identidades individuais. O impacto da pandemia foi notório na convivência, na ligação e no sentido de pertença à Academia do Porto e isso também é essencial para que o percurso no ensino superior seja mais feliz, mais vivido, havendo também, a par de tudo isto, um desenvolvimento e uma autonomia pessoais. É muito disto que decorre a diferença entre o ensino pré-superior e o ensino superior.

Por isso mesmo, acho que estamos muito expectastes para perceber o desenvolvimento da Academia depois do impacto da covid-19, mas há aqui um grande compromisso, das várias organizações estudantis e grupos académicos da nossa Academia, para voltar a trazer toda a dinâmica, toda a atividade presencial, para continuarmos a alimentar o espírito de ser estudante e, acima de tudo, propiciar um bom percurso e que os estudantes se sintam parte da Academia do Porto desde o momento que chegam ao momento em que saem — do ponto de vista físico, porque sabemos que do lado emocional nunca se perde a ligação.

créditos: Pedro Soares Botelho | MadreMedia

A resposta das instituições do Porto aos estudantes da pandemia foi boa — ou revelou falhas?

Os desafios durante a pandemia foram muitos. Era possível ter sido feito mais. Tivemos um conjunto de constrangimentos no próprio processo de ensino e de aprendizagem, com desafios acrescidos.

Durante a pandemia, foi feita uma auditoria pedagógica ao ensino superior, que nos permite, hoje, estar a identificar os problemas, mas, acima de tudo, a procurar e a pedir soluções para a valorização do ensino e por um ensino mais ajustado às expectativas e às necessidades dos estudantes que chegam hoje ao ensino superior — e estas necessidades e expectativas são diferentes das dos estudantes que aqui estavam há cinco e há dez anos. As nossas instituições têm de estar mais modernas, mais resilientes.

Também ficou evidente aquele que foi — e que é — o impacto na saúde mental dos estudantes. É preciso o reforço dos serviços de psicologia. Esta preocupação com o bem estar dos estudantes tem de ser coletiva. 80% dos estudantes inquiridos aqui na Academia do Porto reportaram um aumento no estado de ansiedade, stress, depressão. Se isso já era um problema antes da pandemia, com a exigência do próprio ensino superior, ficou ainda mais visível durante a pandemia.

Depois, houve uma clara preocupação das associações de estudantes para, durante este período, identificar e mapear os problemas, levar estes problemas a ser ouvidos pelos dirigentes académicos, os dirigentes das instituições de ensino superior, num esforço que teve de ser: quer os estudantes acabaram por ter de se adaptar, como houve uma adaptação do corpo docente e das instituições.

Agora, aquilo que para nós é claro é que todas as aprendizagens durante a pandemia não podem ser esquecidas, não podemos voltar ao que havia antes. Tem de ser possível trabalhar os problemas e desafios identificados.

O Plano do Alojamento para o Ensino Superior vem estando aquém das expectativas.

Que problemas dos estudantes ainda hoje vos chegam?

Uma das mais evidentes é claramente esta questão do impacto na saúde mental, o facto de às vezes os serviços não darem resposta em tempo útil. Depois, por exemplo, os apoios à frequência dos segundos ciclos — mestrados e pós-graduações — e também aqui temos desenvolvido trabalho para o reforço da Ação Social.

Também questões sobre a própria segurança no campus universitário e na zona circundante ao Politécnico aqui na cidade — aqui temos um trabalho junto da Polícia Municipal e com a PSP.

E um conjunto de espaços, novos espaços de encontro, como os serviços de alimentação, que devem procurar ser espaços mais confortáveis, mais acolhedores, mais alinhados com as expectativas e necessidades dos estudantes. Quer na alimentação, quer no problema do alojamento estudantil, onde há um esforço para que o Plano Nacional do Alojamento para o Ensino Superior seja concretizado, evidenciam uma necessidade de aposta em equipamentos e Infraestruturas de apoio aos estudantes.

Sobretudo na questão do alojamento, as instituições — governo e autarquia — vêm para a discussão com respostas sérias para resolver o problema, ou meros paliativos?

O problema do alojamento estudantil foi identificado pelos estudantes e, a partir daí, houve um conjunto de reivindicações nesse sentido. Ao nível do governo, aquilo que pedimos, agora até com um novo executivo, é que haja uma concretização do plano que foi apresentado, dos objetivo anuais. Mesmo no âmbito do PRR, que sejam concretizados os projetos de residências para o ensino superior no tempo esperado.

Em relação ao governo, que mais ficou evidente foi a alteração ao complemento do alojamento — mas, de facto, o plano do alojamento vem estando aquém das expectativas, a sua execução está abaixo das expectativas. Esperamos que com o novo executivo haja um ritmo mais acelerado para conseguirmos concretizá-lo.

Ao nível das autarquias, a própria FAP tem procurado soluções conjuntas. Ainda agora estamos num projeto piloto para desenvolver uma residência para os estudantes num espaço cedido pela câmara do Porto à FAP. Enquanto o próprio governo não vai apresentando soluções em tempo útil, vamos nós fazendo um esforço não só de identificação dos problemas, mas também de apresentação de soluções.

Se esse projeto piloto — em que a Federação gere um espaço da autarquia — correr bem, achas que é um modelo viável, ou a solução global deve mesmo vir do Estado?

Se o projeto correr bem, demonstramos um espírito de trabalho conjunto e de articulação que eu creio deve servir de modelo para problemas grandes, complexos e que devem envolver várias partes. Por isso mesmo, temos aqui um modelo que envolve instituições de ensino superior, as autarquias e as estruturas que representam os estudantes — isso também é uma valorização da participação dos jovens e dos estudantes.

O governo tem naturalmente de ter soluções, apresentar soluções, e garantir que há formas de viabilizar as soluções que também são apresentadas por outros stakeholders que fazem parte do ensino superior.

Estamos preocupados em perceber se não há denúncias porque não há casos, ou se há um silêncio que oculta vítimas.

Há umas semanas, em Lisboa, foram divulgadas várias denúncias de assédio na Faculdade de Direito. A Universidade do Porto rapidamente informou que teve apenas quatro inquéritos sobre assédio sexual. Não há casos, ou não há clima e mecanismos para haver denúncias?

No seguimento dos casos na Universidade de Lisboa, também foi anunciada a expulsão de um professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto. No caso da FAP, não nos chegam nem denúncias, nem queixas, mas nós estamos precisamente preocupados em perceber se não há denúncias porque não há casos, ou se há um silêncio que oculta eventuais vítimas.

Por isso mesmo, aquilo que endereçámos à nova ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior foi o pedido de que fosse criada uma plataforma nacional, seja através de uma linha telefónica ou de um endereço eletrónico, para permitir reforçar as condições de segurança, de conforto, para eventuais vítimas, para que elas se sintam à vontade para poder denunciar.

Existem mecanismos internos nas academias — seja através, por exemplo, do Provedor do Estudante, que tem a sua atividade, ou através de queixas que podem ser direcionadas aos próprios diretores das faculdades —, mas este tipo e plataformas pode inibir eventuais vítimas, principalmente quando estamos a falar de denúncias individuais.

Por isso mesmo, estes casos que foram tornados públicos devem permitir olhar para o problema como um problema de âmbito nacional e procurarmos disponibilizar outro tipo de plataformas que permitam dar essas condições de conforto a eventuais vítimas, sempre numa atitude de tolerância zero para qualquer tipo de atitude xenófoba e que não dignifique os direitos humanos — porque estamos a falar de uma questão de direitos humanos. Todos se devem sentir seguros, confortáveis e bem-vindos nas instituições de ensino superior.

Sentiste-te sempre segura nas instituições de ensino superior do Porto — e, também, na Queima?

Sinto que é segura e com uma vivência feliz e sã. Acima de tudo, também com uma postura crítica de conseguir olhar à minha volta e olhar para o outro. Isto também é muito importante: os estudantes que estão no ensino superior, nós jovens, temos nesta geração muito este cuidado de conseguir olhar para o outro e perceber o que se passa — essa é também uma das missões do ensino superior; para além de formarmos bons profissionais, precisamos de formar boas pessoas, cada vez mais com um olhar atento naquilo que os rodeia.

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