O cardeal, que falava no salão dos Paços do Concelho de Faro, à margem da entrega da chave de honra da cidade algarvia pelo presidente da Câmara local, Rogério Bacalhau, salientou que esta prática deve ser realizada quando é pedida, independentemente da posição sobre a matéria.
“O coração de um pastor, quando alguém se dirige a mim a pedir a bênção para a sua vida, a sua pessoa, não há qualquer obstáculo que possa impedir que eu faça exatamente isso, que eu corresponda”, afirmou o bispo de Setúbal.
Dom Américo Aguiar considerou que, se alguém vai ao seu encontro “porque sente necessidade que Deus esteja presente na sua vida, não há nada que possa impedir que a presença de Deus nessa pessoa aconteça”.
“Se um irmão meu vem ao meu encontro e teve coragem, teve força, sente necessidade que Deus esteja presente na sua vida através desse pedido da bênção de Deus, só temos de dar graças a esse presente de Natal que o Papa Francisco materializou dessa maneira”, argumentou.
A mesma fonte salientou que estas matérias “podem parecer polémicas quando são genéricas, mas não são quando têm nome e têm rosto”, porque “muda tudo” quando se está a falar de um filho ou de um amigo.
“Quando estamos a falar genericamente de desconhecidos, achamos, pronunciamo-nos sobre as mais diversas coisas. Agora, quando as coisas têm nome, e são pessoas que nós amamos, acompanhamos e conhecemos, as polémicas desaparecem imediatamente”, assegurou.
Para o bispo de Setúbal, que citou o Papa Francisco, “o importante é o substantivo, é a pessoa, cada pessoa”.
Sobre a distinção entregue pela Câmara de Faro, Américo Aguiar disse que recebeu “com surpresa” a informação de que iria ser distinguido com a chave de honra da cidade pelo trabalho desenvolvido na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa.
“Quando o senhor presidente me comunicou a decisão, fiquei certamente emocionado, atrapalhado, surpreso e muito agradecido, porque estas coisas não se pedem, não se negam, agradecem-se”, afirmou aos jornalistas no final da cerimónia.
Américo Aguiar recordou que foi em Faro que “efetivamente começou a contar o conta-quilómetros real” da JMJ, “com o início da peregrinação dos símbolos, que começou na diocese do Algarve e depois percorreu todas as dioceses do país”.
“E, como dissemos na altura aos jovens do comité diocesano do Algarve, tudo o que fizessem iria ser copiado pelos outros e era bom que fizessem bem. E fizeram muitíssimo bem, porque todas as dioceses de Portugal acabaram por replicar aquilo que foi feito pelos jovens do Algarve durante esse mês longínquo algures em 2022”, enalteceu.
A mesma fonte deixou ainda uma mensagem de Natal focada na esperança, salientando que é bonito juntar família, trocar presentes e pôr “luzinhas a acender e a apagar”, mas “não se pode perder a razão de tudo isto”.
“E a razão de tudo isto, para quem é cristão, é assinalar o nascimento do filho de Deus, que desde o início está envolto em surpresas. E todos nós, diariamente na nossa vida, vamos acolhendo surpresas, algumas boas, outras más, algumas esperadas, outras inesperadas, e o Natal acima de tudo tem de ser esta capacidade de olharmos para as surpresas e acreditarmos que, para nós, a esperança é uma pessoa, é o Cristo que nasce”, referiu.
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