Numa declaração solene divulgada pela sua advogada, Julie Swetnick acusa Brett Kavanaugh, de 53 anos, de ter feito parte, no início dos anos 1980, de um grupo de rapazes que tentavam embebedar e drogar raparigas para abusarem delas.
A funcionária pública afirma igualmente ter sido ela mesma vítima de uma violação coletiva numa festa em que Brett Kavanaugh estava “presente” em 1982.
Julie Swetnick torna-se, assim, a terceira mulher a fazer graves acusações de caráter sexual ao magistrado conservador, que imediatamente condenou aquilo que classificou como um ataque “vindo da quarta dimensão”.
“Não a conheço, e isso nunca aconteceu”, garantiu o juiz em comunicado.
Kavanaugh afirmou diversas vezes ter sempre tratado as mulheres com respeito.
“Nos últimos dias, houve um frenesim de coisas a surgir, sejam quais forem, pouco importa que sejam arrancadas à pressão ou odiosas, para impedir a minha confirmação”, declarou o candidato de Trump na sua audição, acrescentando tratar-se de “acusações caluniosas de última hora”.
Não convencidos, os democratas pediram imediatamente a suspensão do processo de confirmação do juiz, exigindo um inquérito da polícia federal (FBI) sobre o conjunto das acusações.
Na sua declaração, Julie Swetnick explica ter participado numa dezena de festas na área de Washington entre 1981 e 1983 onde se encontravam também Brett Kavanaugh e um dos seus amigos, Mark Judge, já referido pela primeira acusadora.
“Várias vezes, nessas festas, vi Mark Judge e Brett Kavanaugh beberem de forma excessiva e terem um comportamento totalmente inapropriado, nomeadamente tornando-se muito agressivos com as raparigas e não aceitando que elas dissessem "não”, escreveu, acusando-os também de “acariciarem e apalparem raparigas sem o consentimento delas”.
“Brett Kavanaugh e outros tentavam embebedar e desorientar as raparigas ao ponto de estas poderem ser violadas em grupo”, relatou a terceira acusadora, acrescentando: “Tenho a nítida imagem de rapazes em fila à porta de quartos, nessas noites, esperando a sua vez com a rapariga que estava lá dentro”.
“Em 1982, fui vítima de uma dessas violações coletivas”, admitiu, explicando que não foi capaz de se defender provavelmente por estar sob o efeito de alguma droga e acrescentando que “Mark Judge e Brett Kavanaugh estavam presentes” nessa festa, sem fornecer mais pormenores.
A sua declaração foi transmitida à Comissão Judicial do Senado, encarregada de avaliar os candidatos ao Supremo Tribunal, pelo seu advogado Michael Avenatti, que também é o defensor da atriz de filmes pornográficos Stormy Daniels, envolvida numa batalha judicial com Donald Trump.
Os advogados da comissão começaram já a analisar a declaração, segundo um porta-voz.
Este novo testemunho surge na véspera da audição pública no Senado de uma professora universitária de 51 anos, Christine Blasey Ford, que afirma ter sido sexualmente agredida pelo jovem Kavanaugh durante os anos do ensino secundário.
Christine relata que, juntamente com Mark Judge, Brett Cavanaugh a isolou num quarto, a atirou para cima de uma cama e tentou despi-la e que conseguiu fugir devido ao grau de embriaguez de ambos os rapazes.
Igualmente acusado de ter exibido o sexo a uma colega da universidade numa festa bem regada a álcool em Yale, o magistrado nega tudo.
Até agora, Kavanaugh beneficiou do apoio incondicional do chefe de Estado e da maioria republicana.
Sobre este terceiro caso, Trump já reagiu dizendo que as novas acusações de abuso sexual contra o seu candidato ao Supremo Tribunal são “falsas” e criticou o advogado que as divulgou.
“Avenatti é um advogado de terceira que é bom a fazer falsas acusações, como fez comigo e como está a fazer agora com o juiz Brett Kavanaugh”, escreveu na sua conta da rede social Twitter.
O inquilino da Casa Branca prometeu ao seu eleitorado nomear um juiz conservador para o Supremo Tribunal, instituição que se pronuncia sobre as questões mais espinhosas da sociedade, como o porte de armas de fogo, o direito ao aborto ou o casamento homossexual.
A entrada do juiz Kavanaugh deixaria os juízes progressistas em minoria na mais alta instância judicial dos Estados Unidos.
Donald Trump queria que ele tomasse posse antes das eleições legislativas intercalares de 6 de novembro.
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