A poucos dias do início das eleições russas (15 a 17 de março), em que é esperada a reeleição de Putin após quase um quarto de século no poder, eis uma cronologia dos conflitos envolvendo a Rússia durante os seus mandatos:
1999
7 de agosto – O grupo islamita checheno de Chamil Bassaev lança um ataque contra tropas russas no Daguestão. Dois dias depois, Putin é designado primeiro-ministro pelo Presidente Boris Ieltsin.
31 de agosto – Diversos atentados à bomba, atribuídos pelo Kremlin aos independentistas chechenos e que se prolongam até 13 de setembro, provocam cerca de 300 mortos no Daguestão e em Moscovo.
23 de setembro – A aviação russa bombardeia Grozni. Uma semana depois, tem início da ofensiva terrestre contra a república caucasiana e a segunda guerra da Chechénia.
2000
6 de fevereiro – Já no cargo de Presidente interino, Putin anuncia ter terminado a “libertação de Grozni”. As tropas russas são acusadas de violências na capital chechena. O novo líder do Kremlin é eleito por sufrágio universal em 26 de março.
6 de abril – A Rússia é suspensa do Conselho da Europa devido a violações dos direitos humanos na Chechénia.
2002
23-26 de outubro – Um comando checheno faz reféns 750 pessoas num teatro de Moscovo. O assalto das forças russas provoca 118 mortos.
2003
5 de outubro – O candidato do Kremlin, Akhmad Kadyrov, eleito presidente da Chechénia com 82% dos votos. Será morto num atentado à bomba em agosto de 2004.
2004
3 de setembro – Intervenção das forças especiais após a tomada de reféns numa escola de Beslan, Ossétia do Norte, termina com a morte de mais de 300 pessoas, na maioria crianças.
2006
4 de março – Ramzan Kadyrov torna-se primeiro-ministro da Chechénia com o apoio de Putin. Será eleito Presidente no ano seguinte.
10 de julho – O chefe militar checheno Shamil Basayev é morto no decurso de uma operação especial na Inguchétia.
Setembro-outubro - Crise russo-georgiana após a detenção por espionagem de quatro oficiais russos na Geórgia.
2007
Fevereiro - Num discurso na Conferência de Segurança de Munique, Putin atribui o sentimento de insegurança motivado à posição dominante dos Estados Unidos no cenário geopolítico e refere que responsáveis da NATO emitiram promessas retóricas sobre a não expansão para novos países do leste europeu.
2008
2-4 de abril – Na cimeira da NATO em Bucareste, os aliados ocidentais assinalam na declaração final que Geórgia e Ucrânia “devem tornar-se membros da NATO”, suscitando fortes reações em Moscovo.
7-26 de agosto – Crise russo-georgiana na Ossétia do Sul, com intervenção das tropas de Moscovo.
2009
16 de abril – Moscovo põe termo ao regime de exceção na Chechénia, após dez anos de “operação antiterrorista”.
2010
29 de março – Dois atentados suicidas no metro de Moscovo provocam 40 mortos. São reivindicados pela rebelião islamista do Cáucaso do Norte.
21 de maio – A Ucrânia renova por 25 anos o contrato da base naval russa de Sebastopol, na Crimeia, como contrapartida a um acordo sobre o gás.
2011
24 de janeiro – Atentado suicida no aeroporto de Moscovo reivindicado pela rebelião chechena provoca 35 mortos.
9 de novembro – A Rússia e a Geórgia assinam um compromisso fronteiriço relacionado com as regiões separatistas da Abkházia e Ossétia do Sul que permite o acesso de Moscovo à Organização Mundial do Comércio (OMC).
2014
22 de fevereiro – Queda do Presidente ucraniano Viktor Yanukovych após diversos meses de contestação na praça Maidan, em Kiev. Moscovo contesta a legitimidade do novo poder.
16 de março – Na sequência de um referendo na Crimeia (96,7% de “sim”), após breve intervenção militar no terreno, a península é anexada à Rússia. A União Europeia e os Estados Unidos aprovam um conjunto de sanções contra a Rússia que serão progressivamente reforçadas.
11 de maio – Um referendo de autodeterminação organizado pelos separatistas russófonos em Donetsk e Lugansk, leste da Ucrânia, é aprovado com cerca de 90% dos votos.
17 de maio – Um avião da Malaysia Airlines é abatido no leste da Ucrânia, com acusações mútuas entre Kiev e Moscovo.
2015
30 de setembro – Putin autoriza uma intervenção militar russa na guerra civil na Síria após pedido do regime de Damasco.
2020
12 de junho – A NATO reconhece a Ucrânia como parceiro beneficiando do programa “Novas oportunidades”, um estatuto que permite melhorar a interoperacionalidade e cooperação entre as forças da Aliança e do Exército ucraniano.
2021
3 de fevereiro – Washington aceita prolongar por cinco anos o Tratado New Start, um dos últimos acordos de controlo de armamentos entre Rússia e Estados Unidos.
Abril - Moscovo mobiliza em algumas semanas cerca de 100.000 homens para a fronteira com a Ucrânia.
8 de junho – O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, declara perante os senadores norte-americanos apoio à “adesão da Ucrânia à NATO”.
16 de junho – Encontro em Genebra entre o Presidente dos EUA Joe Biden e o homólogo russo Vladimir Putin. Relançado o diálogo sobre questões estratégicas.
30 de novembro – Putin declara que o alargamento da NATO à Ucrânia será uma “linha vermelha” para a Rússia.
A Rússia desloca novas tropas para o seu flanco ocidental.
7 de dezembro – No decurso de uma videochamada, Biden adverte Putin sobre “fortes medidas económicas e outras” caso a Rússia ataque a Ucrânia.
17 de dezembro – Moscovo divulga dois projetos de tratado destinados a refundar a segurança coletiva na Europa. O Kremlin solicita designadamente garantias escritas sobre o não alargamento da NATO a leste, e ainda a retirada das forças norte-americanas da Europa de leste. As duas sugestões são rejeitadas.
2022
10 de janeiro – Cimeira presidencial russo-norte-americana em Genebra, seguida de uma reunião NATO-Rússia e de um encontro no âmbito da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). As discussões que decorrem durante alguns dias não produzem resultados.
17 de janeiro – A Bielorrússia anuncia a realização em fevereiro, no seu território, de um exercício militar conjunto com a Rússia.
19 de janeiro – Os Estados Unidos anunciam nova ajuda militar à Ucrânia de 200 milhões de dólares (176 milhões de euros), que se juntam aos 450 milhões já acordados.
24 de janeiro – A NATO coloca tropas em alerta.
04 de fevereiro – Putin visita a China e após encontro com o homólogo Xi Jinping os dois países anunciam uma parceira estratégia “sem limites”.
10 de fevereiro – Rússia e Bielorrússia iniciam dez dias de manobras militares.
17 de fevereiro – Os combates intensificam-se no leste da Ucrânia, com Kiev a preparar uma ofensiva sobre as regiões separatistas.
21 de fevereiro – O Presidente russo assina um decreto que reconhece as duas autoproclamadas repúblicas separatistas do Donbass como Estados independentes.
24 de fevereiro – Numa intervenção pela televisão, Putin anuncia uma “operação militar especial” na Ucrânia e ordena uma intervenção militar em larga escala, com a abertura de quatro frentes. Entre 25 de fevereiro e 04 de março regista-se um avanço rápido das forças russas, com algumas a alcançarem os arredores de Kiev.
28 de fevereiro – Início de conversações diretas russo-ucranianas, que decorrem na Bielorrússia. Seguem-se mais três rondas negociais, incluindo em Antalya (Turquia) em março, mas sem resultados e quando Kiev já preparava uma contraofensiva.
04 de março – Projeto-lei prevê penas de prisão até 15 anos para quem publicar “falsa informação” sobre a operação militar.
02 de abril – As tropas russas retiram-se do norte da Ucrânia e recolocam-se no Donbass (leste).
04 de abril – Até outubro regista-se uma estagnação do conflito, com poucos avanços russos.
7 de setembro – Contraofensiva ucraniana nas regiões de Kharkiv e Kherson.
21 de setembro - O Presidente russo anuncia uma mobilização parcial e referendos de anexação nas regiões separatistas ocupadas pelo Exército russo.
30 de setembro – Putin assina decretos que anexam os ‘oblasts’ de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson à Federação da Rússia. As anexações não são reconhecidas internacionalmente. O líder do Kremlin admite que a guerra contra a Ucrânia poderá ser “um longo processo”.
2023
Janeiro - Putin considera o reconhecimento da soberania russa sobre os territórios anexados como condição para conversações de paz com a Ucrânia. ~
7 de março – O Tribunal Penal Internacional emite um mandado de captura dirigido a Putin ao alegar a sua responsabilidade pela deportação e transferência legal de crianças da Ucrânia para a Rússia.
21-22 de março – O Presidente da China Xi Jinping visita Moscovo e encontra-se com Putin, o primeiro encontro internacional do líder russo desde o mandato de captura que lhe foi dirigido pelo TPI.
Maio - A África do Sul anuncia que garantirá imunidade diplomática a Putin para participar na 15ª Cimeira dos BRICS em Joanesburgo, apesar do mandato do TPI. Moscovo será representado pelo chefe da diplomacia, Serguei Lavrov.
3 de junho – As Forças Armadas ucranianas, equipadas com novos armamentos fornecidos pelo ocidente, desencadeiam uma contraofensiva, que cinco meses depois não atinge os objetivos delineados. O fracasso desta operação irá implicar uma ampla remodelação na liderança militar ucraniana.
17 de julho – A Rússia suspende a participação no acordo que permitia à Ucrânia exportar cereais pelo mar Negro.
27-28 de julho – A Cimeira Rússia-África 2023 decorre em São Petersburgo, na presença de Putin.
13 de setembro – Cimeira Norte-Coreia Rússia, na presença do secretário-geral norte-coreano Kim Jong Un e de Putin decorre no Extremo Oriente russo.
17-18 de outubro – Putin regressa à China.
7 de dezembro - Putin recebe em Moscovo o homólogo iraniano Ebrahim Raisi, para abordar a guerra israelo-palestiniana e a situação na Ucrânia na sequência da invasão russa.
2024
5 de março – O Presidente francês, Emmanuel Macron, considera que os aliados da Ucrânia devem intensificar os seus esforços e não serem “cobardes”. Refere-se ainda à necessidade de um "sobressalto estratégico”, com o eventual envio de tropas para o terreno. Após as declarações de Macron, o Kremlin considera que o ocidente “está a brincar com o fogo”.
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