O grupo Knauf, apresentado como o líder mundial da produção de placas de gesso, e a empresa WKB Systems, que produz betão celular, fornecem materiais para os estaleiros, segundo uma investigação da revista Monitor programada para a noite de hoje na televisão pública ARD.
O diário diz ter analisado numerosas imagens de estaleiros onde surgem os logótipos da Knauf e relatórios de atividade detalhados, que atestam a atividade do fabricante nesta cidade portuária situada no leste da Ucrânia, alvo das forças russas e dos separatistas russófonos locais no primeiro dia da invasão em 24 de fevereiro de 2022, e que caiu sob o seu controlo após mais de dois meses de cerco, com um balanço de milhares de mortos e uma destruição quase total.
A revista também refere “um distribuidor oficial da Knauf que faz a promoção de um projeto imobiliário de habitação em Mariupol, construído com produtos Knauf por conta do Ministério da Defesa russo”.
Os produtos da empresa WKB Systems, cujo principal acionista é o empresário russo Viktor Budarin, também foram identificados nos estaleiros de Mariupol, segundo a revista.
Em declarações à agência noticiosa AFP, o grupo Knauf afirma “respeitar todas as sanções da UE, do Reino Unido e dos Estados Unidos contra a Rússia”.
O grupo bávaro, presente na Rússia em 14 zonas de produção e 4.000 trabalhadores, explica ter “decidido permanecer no mercado russo até nova ordem”, invocando “a sua responsabilidade” face aos assalariados locais.
Numerosas empresas ocidentais, incluindo importantes grupos alemães, terminaram, ou por vezes cederam, as suas atividades na Rússia após a invasão da Ucrânia.
Após a conquista de Mariupol, a Rússia apresentou um plano de reconstrução da cidade, com mais de 400.000 habitantes antes da ofensiva militar.
A “alegada ‘reconstrução’ apenas serve à propaganda russa”, declarou à AFP o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, interrogado sobre a alegada participação de empresas alemãs nos estaleiros.
“Qualquer empresa que participe deve saber em que serviço se envolve”, acrescentou o ministério.
O Ministério da Economia alemão considerou à AFP que “as autoridades de investigação competentes [Polícia Judiciária das Alfândegas, Ministério Público] devem rapidamente clarificar os factos e determinar se existe violação das sanções”.
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