“A Rússia concentrou quase 100.000 soldados na fronteira ucraniana, (um número) que pode duplicar num tempo relativamente curto”, disse Blinken numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo ucraniano, Dmitri Kuleba.
Tropas russas chegaram hoje à Bielorrússia para exercícios militares conjuntos, um sinal “preocupante”, segundo Washington, que denuncia a existência de outras manobras perto da fronteira ucraniana.
Blinken – que se reunira horas antes com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky – acusou a Rússia de usar todos os meios “no seu manual” para desestabilizar o país vizinho desde 2014, primeiro com a anexação da península da Crimeia e depois com a guerra no Donbass.
“A agressão russa até agora matou mais de 14.000 homens, mulheres e crianças ucranianas, e deixou 1,5 milhões de ucranianos sem abrigo”, denunciou o chefe da diplomacia dos EUA, que apontou o dedo a Moscovo por continuar a “alimentar” o conflito no leste da Ucrânia, onde o Kremlin apoia as forças separatistas em Donetsk e Lugansk.
Além de apoiar a democracia e o “direito de soberania” da Ucrânia, Washington também pretende continuar ajudando Kiev a defender-se, aumentando a ajuda financeira para fins militares, ao longo deste ano.
“Temos dado assistência de segurança de forma consistente, incluindo suprimentos nas últimas semanas. Demos mais assistência de segurança à Ucrânia no ano passado do que em qualquer outro momento desde 2014”, explicou Blinken.
O secretário de Estado norte-americano prometeu ainda que, “se a Rússia prosseguir com a sua intenção de invadir a Ucrânia, forneceremos material adicional, além do que já está em curso”.
Ao aterrar em Kiev, Blinken já tinha dito que, com os planos russos de enviar mais tropas para a fronteira com a Ucrânia, o Presidente russo, Vladimir Putin, fica com a capacidade de atacar o país vizinho em “muito pouco tempo”.
Blinken chegou hoje a Kiev, no âmbito de uma digressão europeia que inclui uma escala em Berlim e um encontro em Genebra, na sexta-feira, com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, com quem falou na terça-feira, por telefone, para lhe demonstrar o “inabalável” compromisso com a integridade territorial da Ucrânia.
Hoje, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Ryabkov — que liderou as negociações de segurança com os EUA, em Genebra — reafirmou que Moscovo não tem intenções bélicas face à Ucrânia.
O Ministério da Defesa russo admitiu hoje que algumas das suas tropas já chegaram à Bielorrússia, para manobras militares que decorrerão até 20 de fevereiro.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, repetiu hoje o “forte apoio” da Aliança Atlântica à Ucrânia, durante uma conversa telefónica com Zelensky, assegurando que não se comprometerá com as exigências da Rússia.
“Falei com o Presidente Zelensky para expressar o forte apoio da NATO à Ucrânia, perante a ameaça russa”, disse Stoltenberg, na sua conta da rede social Twitter, acrescentando que a NATO continuará a pressionar Moscovo para reduzir a escalada de tensão nas fronteiras ucranianas.
Stoltenberg recordou que, como anunciou na terça-feira em Berlim, a NATO está disposta a “envolver-se em mais diálogo com a Rússia”, mas sem “comprometer os princípios-chave” da organização.
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