“Observamos com indignação crimes graves que pretendem permanecer impunes. Refiro-me concretamente a uma menina violada aos 15, 16 anos”, disse o ministro, numa conferência de imprensa.

Segundo Siles, “produto dessa violação, [a mãe] deu à luz outra menina e o pai reconhecido na certidão de nascimento é o senhor Evo Morales Ayma. Existe um processo aberto", que "está sob investigação”.

Morales está no centro de um escândalo que se tornou público esta quarta-feira, quando a procuradora Sandra Gutiérrez informou que foi destituída por ter pedido a prisão do ex-presidente no âmbito de uma investigação por “tráfico de pessoas” envolvendo uma menor de idade.

Na resolução de prisão contra Morales, cujos excertos foram revelados pela imprensa, consta que, em 2016, o então presidente envolveu-se com uma menor de 15 anos, com quem teve uma filha.

Sem citar o expediente, Morales publicou na rede social X: “Não me causa estranhamento, nem preocupação. Todos os governos neoliberais, incluído o atual, ameaçaram-me, perseguiram-me, prenderam-me, tentaram me matar. Não tenho medo! Não me vão calar!”

Uma juíza de Santa Cruz acatou ontem um recurso dos advogados de Morales que anulou a ordem de prisão, após a procuradora Sandra Gutiérrez ter afirmado que foi destituída por instrução do procurador-geral, Juan Lanchipa.

Morales governou a Bolívia entre 2006 e 2019 e impulsionou o triunfo eleitoral do seu sucessor Luis Arce, que foi seu ministro da Economia por mais de uma década. Contudo, os dois romperam e hoje disputam a liderança do partido de situação, o MAS, e a indicação presidencial para as eleições gerais de 2025.

Nenhuma autoridade judicial se pronunciou sobre o futuro das investigações contra Morales depois da juíza ter anulado o mandado de prisão.