Estas medidas foram anunciadas pelo diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, na conferência “As farmácias na jornada da saúde das pessoas”, promovida pela ANF na Assembleia da República, em que foi divulgado o Livro Branco das Farmácias Portuguesas, que defende um conjunto de medidas, algumas das quais estão já a ser trabalhadas pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS).
Em declarações à agência Lusa à margem da conferência, a presidente da ANF, Ema Paulino, disse que recebeu “de forma muito positiva e com muita expectativa” o anúncio destas medidas.
Disse esperar que possam efetivar-se “numa perspetiva de alargamento dos serviços de farmácias, mas, acima de tudo, da maior proximidade das pessoas a estes serviços”.
“Nada justifica que ao dia de hoje as pessoas tenham que se deslocar ao centro de Saúde, nomeadamente pessoas em idade ativa, para apenas ter acesso à vacina contra o tétano, por exemplo, e, portanto, alargar esta possibilidade também às farmácias é um novo ponto de acesso para a população”, salientou.
Para Ema Paulino, também é importante as farmácias poderem intervir em situações clínicas ligeiras, como infeções urinárias não complicadas ou infeções respiratórias agudas, numa altura que há uma pressão sobre o sistema de saúde e que poderá intensificar-se durante o período do inverno.
“Faz todo o sentido e é muito oportuno poder oficializar este papel de porta de entrada por parte das farmácias comunitárias”, numa perspetiva de poderem fazer esta avaliação dos sintomas.
No fundo, adiantou, “é abrir canais de comunicação e de envio de informação mais formal para as urgências hospitalares ou para os centros de saúde, quando a situação justificar”, aplicando os mesmos critérios e as mesmas vias de referenciação que já são utilizadas na linha SNS 24.
Por outro lado, através de uma avaliação e de uma testagem rápida na farmácia, pode ser identificada a situação e, eventualmente, iniciada a terapêutica sempre com a informação respetiva ao médico de família, que depois fará o acompanhamento e a integração de informação no processo clínico do doente.
Questionada sobre se as farmácias têm notado uma maior procura devido aos constrangimentos nos serviços de urgência, Ema Paulino afirmou que sim.
“Notamos e também acompanhamos este pico de idas às urgências”, disse, revelando que a ANF criou em conjunto com a Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública uma ferramenta, em que, através da dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica para situações respiratórias, é possível antecipar em duas semanas os picos de procura das urgências hospitalares e dos centros de saúde.
Com esta ferramenta, que será apresentada à Direção Executiva do SNS, à Direção-Geral da Saúde e a outras entidades, será possível poder “organizar a resposta de uma forma mais atempada e recolher também informação que permita direcionar as pessoas para o nível de cuidados mais eficientes.
Passa também por um trabalho colaborativo de literacia para as pessoas perceberem as situações que motivam a ida a uma urgência ou a uma farmácia e a adoção de medidas de prevenção de contágio que devem continuar a ser implementadas, disse Ema Paulino.
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