Depois de árduas negociações, na segunda-feira, em Bruxelas, os estados membros da União Europeia (UE) não se mostraram oficialmente de acordo quanto ao fecho desta rota. No ano passado, mais de 850.000 migrantes passaram por lá. Neste contexto, a Eslovénia anunciou no dia 8 de março medidas que tornam a passagem por esta rota quase impossível. A partir da meia-noite, não permitirá mais - salvo em exceções "humanitárias" - o trânsito de migrantes em situação ilegal pelo seu território. A Sérvia mostrou intenções de fazer o mesmo, o que significaria "o encerramento total da Rota dos Balcãs".
A Macedónia - que não integra a UE e por onde os migrantes deixam a Grécia - também pode alinhar-se com o país vizinho. Sem este acesso à Europa, os candidatos a asilo terão de procurar outro itinerário. No último sábado, durante um exercício conjunto das suas forças de segurança na fronteira greco-búlgara, o primeiro-ministro Boïko Borisov anunciou o envio de mais 400 homens para esta área. O local fica a menos de duas horas, por terra, da fronteira entre a Grécia e a Macedónia, onde milhares de sírios e de iraquianos estão bloqueados há dez dias. "Temos material de vigilância sofisticado que nos permite conter a onda migratória", disse Borisov na segunda-feira, na cimeira entre a UE e a Turquia.
Entrevistado pela rádio austríaca Ö1, na terça-feira, o chefe da Autoridade Nacional contra o tráfico de pessoas, Gerald Tatzgern, disse que se detecta um "aumento da atividade" dos traficantes "dos grandes campos (de refugiados) da fronteira turco-síria" com destino "não apenas à Grécia como também diretamente da Turquia para a Bulgária, para depois seguir para a Roménia". Mais ao sul, as rotas clandestinas também poderão dividir-se entre Albânia e Itália.
Rota do Adriático
Em breve, a Itália fornecerá meios logísticos e humanos complementares para ajudar a Albânia a controlar as fronteiras, segundo várias fontes. A rota do Adriático, entre a costa albanesa e a região italiana de Apúlia (Puglia) foi usada por vagas maciças de imigração. Em 1991, milhares de albaneses transitaram por lá em embarcações precárias.
Entre a Grécia e a Albânia, os itinerários clandestinos através das montanhas serviram de caminho a milhares de migrantes albaneses, que passaram para a Grécia nos anos 1990 e 2000. Esses caminhos são bem conhecidos dos traficantes. "É muito cedo para dizer", considera o porta-voz do Escritório Internacional de Migrações (OIM) Leonard Doyle, ao ser questionado pela AFP sobre se os candidatos a asilo, incluindo mulheres e crianças, irão procurar esses perigosos caminhos. "A pressão sobre a Europa para reduzir as saídas da Turquia é enorme, e isso pode funcionar", completou.
Durante a cúpula UE-Turquia em Bruxelas, na segunda-feira, Ancara propôs uma "troca" de refugiados. A proposta é que a Turquia readmita os refugiados sírios que chegaram de forma ilegal à UE - em particular às ilhas gregas - e que os europeus admitam, por sua vez, por vias legais e seguras, a mesma quantidade de refugiados sírios que estão na Turquia. A proposta já foi muito criticada pela ONU, por ONGs e pelos líderes dos partidos do Parlamento Europeu.
Vários obstáculos
O "corredor migratório" da Grécia à Alemanha, Áustria, ou Suécia, passando pela Macedónia ou por outros países da antiga Jugoslávia, não foi oficialmente fechado. Agora, porém, não se deixará passar mais do que alguns sírios ou iraquianos. Já a Bulgária ergueu, na fronteira terrestre com a Turquia, de 259 km, um muro ao longo de 30 km, que será prolongado até 130 km.
Cerca de 2000 agentes da polícia já foram enviados para a região. Mais a norte, um desvio pela Roménia é ainda mais complicado: apenas duas pontes unem este país com a Bulgária, e uma travessia de barco pelo Danúbio "seria detectada pelos guardas de fronteira", segundo Vessela Tcherneva, do Centro Europeu de Análise de Política Externa em Sófia.
Outro obstáculo: a Hungria, que já fechou as fronteiras com a Croácia e com a Sérvia, iniciou obras para fazer o mesmo na sua fronteira com a Roménia. A Bulgária é o país mais pobre da UE e tem a reputação de ser pouco hospitaleira com os imigrantes. Em 2015, registaram-se neste país cerca de 30 mil, enquanto outros passavam clandestinamente pelo seu território. Várias ONGs denunciaram maus-tratos aos refugiados por parte das forças de segurança.
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