"Caças [...] realizaram um ataque preciso sobre uma base do Hamas situada no interior de uma escola da UNRWA na região de Nuseirat", afirmou o Exército israelita, que anunciou "vários terroristas mortos".
"Terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica [...] que tinham participado no ataque mortal contra as comunidades do sul de Israel em 7 de outubro operavam neste recinto", acrescenta o comunicado.
O hospital Mártires de Al Aqsa, na cidade próxima de Deir al Balah, afirmou que recebeu "37 mártires" do ataque contra a escola da ONU. Um balanço anterior, divulgado pelo Hamas, citava 27 mortos.
A direção do hospital afirmou que um problema nos geradores complica o tratamento de pacientes vulneráveis e pode provocar "uma catástrofe humanitária".
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, pediu uma investigação sobre o que classificou como uma "espantosa notícia".
"Cheiro de sangue”
Antes do último ataque em Nuseirat, o centro havia recebido desde terça-feira "pelo menos 70 mortos e mais de 300 feridos, em sua maioria mulheres e crianças, por bombardeios israelitas nas zonas centrais da Faixa de Gaza", afirmou a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).
"O cheiro de sangue na sala de emergências esta manhã era insuportável. Há pessoas deitadas por todos os lados, no chão, lá fora. Estão a trazer os corpos em sacos plásticos. A situação é insustentável", publicou na rede social X a coordenadora da MSF em Gaza, Karin Huster.
O diretor da UNRWA, Philippe Lazzarini, exigiu que Israel pare com a "campanha" contra a agência, num artigo publicado no jornal The New York Times.
Reunião no Qatar
Após oito meses de guerra, os mediadores Qatar, Egito e Estados Unidos prosseguem com os esforços para obter um cessar-fogo, alguns dias depois do presidente americano, Joe Biden, anunciar uma proposta que, segundo ele, foi idealizada por Israel.
A iniciativa contempla, numa primeira fase, um cessar-fogo de seis semanas e a retirada israelita das áreas mais populosas de Gaza, a libertação de alguns reféns sob poder do Hamas e de prisioneiros palestinianos detidos por Israel.
Fonte próxima às negociações citada pela AFP, revela que esta quarta feira se realizou uma reunião em Doha "entre o primeiro-ministro do Qatar, o chefe da inteligência do Egito e o Hamas para discutir um acordo de trégua em Gaza e uma troca de reféns e prisioneiros".
Mas as exigências contraditórias dos dois lados reduzem as esperanças de sucesso do acordo.
Neste sentido, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e outros 16 líderes, incluindo dirigentes europeus e latino-americano, pediram com urgência que o Hamas aceite um acordo de cessar-fogo com Israel.
“Está na hora da guerra terminar e este acordo é o ponto de partida necessário", declarou a Casa Branca num comunicado assinado também pelos líderes de Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Argentina, Brasil e Colômbia, dentre outros países.
Na frente judicial, a Espanha anunciou hoje que decidiu unir-se à África do Sul na ação contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ).
A África do Sul iniciou o processo na CIJ - principal tribunal da ONU, com sede em Haia - no ano passado, alegando que a ofensiva israelita em Gaza viola a convenção da ONU sobre genocídio de 1948, uma acusação que Israel rejeita com veemência.
Israel afirma que quer destruir o Hamas, no poder em Gaza desde 2007 e qualificado como "organização terrorista" pelos Estados Unidos e União Europeia.
A guerra na Faixa de Gaza começou após o ataque sem precedentes do Hamas contra o sul de Israel em 7 de outubro, quando milicianos islâmicos mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelitas.
Os combatentes sequestraram 251 pessoas, que foram levadas para Gaza. Do grupo, 120 permanecem em cativeiro em Gaza, das quais 41 teriam morrido.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e iniciou uma ofensiva no território palestiniano que deixou mais de 36.650 mortos até o momento, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
De acordo com o último balanço do Exército de Israel, 295 dos seus soldados morreram na campanha militar em Gaza desde o início da ofensiva terrestre a 27 de outubro.
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