Estas são as duas primeiras crianças não mártires a ser elevadas à categoria de santos pela Igreja Católica.
A canonização de Jacinta e Francisco Marto marca o ponto alto das comemorações do Centenário das Aparições da Cova da Iria.
A elevação dos pastorinhos Jacinta e Francisco, pelo papa Francisco põe fim, no centenário das "aparições" de Fátima, a um processo com mais de 60 ano
Beatificados pelo papa João Paulo II, em Fátima, em 13 de maio de 2000, a canonização dos dois irmãos estava dependente da aprovação, pelo papa, do “milagre” anunciado pela Santa Sé, a 23 de março.
Francisco e Jacinta morreram ainda crianças, pouco anos depois de, com a sua prima Lúcia de Jesus (1907-2005), terem estado na origem do fenómeno de Fátima, entre maio e outubro de 1917.
Oriundos de uma “humilde família” de Aljustrel (na paróquia de Fátima, concelho de Ourém), no seio da qual “aprenderam a doutrina cristã”, as duas crianças, que nem sabiam ler, começaram a pastorear o rebanho dos pais em 1916. E foi quando andavam com os animais que disseram ter assistido às “aparições” de um anjo, nesse ano, e da Virgem Maria, no ano seguinte.
Em 1917, Jacinta Marto, sétima e última filha de Manuel Pedro Marto e de Olímpia de Jesus, tinha 7 anos (nasceu em 11 de março de 1910) e o irmão Francisco, penúltimo filho do casal, 8 anos (11 de junho de 1908), refere a página eletrónica do Santuário de Fátima, a propósito das suas biografias.
Depois de espalhar a notícia das “aparições”, as crianças passaram a ser rodeadas pela atenção de curiosos, que lhes pediam, segundo vários relatos, para descrever o que viram ou que pedissem “a Nossa Senhora” para interceder por eles.
“Para a conversão dos pecadores”, os três chegaram a fazer penitência, através de períodos de fome e sede.
No outono do ano seguinte, 1918, Jacinta foi atingida pela “epidemia da gripe espanhola”, sendo, alguns meses depois, no verão de 1919, internada no hospital de Ourém (então designada Vila Nova de Ourém) e, mais tarde, no início de fevereiro de 1920, no Hospital D. Estefânia, em Lisboa, onde morreu (20 de fevereiro), pouco antes de completar 10 anos de idade.
A mesma epidemia bronco-pneumónica também afetou Francisco Marto, que morreu antes da irmã (04 de abril de 1919), cerca de dois meses antes de completar 11 anos de idade.
Em 1950, o então bispo de Leiria, José Alves Correia da Silva, recebeu “licença, da Sagrada Congregação dos Ritos, para organizar o Processo Diocesano sobre a fama de santidade, virtudes e milagres” dos dois pastorinhos, que teve a sua primeira sessão a 30 de abril de 1952.
A “heroicidade das virtudes” de Francisco e de Jacinta Marto foi reconhecida por João Paulo II, que lhes concedeu o título de ‘veneráveis’ em 13 de maio de 1989.
Onze anos mais tarde, em 13 de maio de 2000, durante a sua terceira e última deslocação ao Santuário de Fátima (as outras visitais ocorreram em 1982 e em 1991), o mesmo papa beatificou as duas crianças, que agora estão mais próximas da canonização, com a decisão do atual líder da Igreja Católica, Jorge Bergoglio, anunciada pela Santa Sé.
A cura da criança brasileira, agora considerada milagre pela Igreja Católica, permitirá tornar santos os dois beatos de Fátima.
O “milagre” aprovado pelo papa que permitiu a canonização dos pastorinhos relaciona-se com a "cura inexplicável" de uma criança brasileira que sobreviveu a uma queda de 6,5 metros, noticiou a Rádio Vaticana em abril.
Na descrição da rádio, “no momento do incidente, o pai da criança havia invocado Nossa Senhora de Fátima e os dois pequenos beatos”. Os médicos, depois de operarem a criança, concluíram que “caso sobrevivesse, viveria em estado vegetativo ou, no máximo, com graves deficiências cognitivas”.
Com a canonização, Jacinta e Francisco serão os mais jovens santos da Igreja Católica.
Comentários