“Nos últimos dois anos, milhões de ucranianos obtiveram asilo temporário em vários países do mundo e adquiriram uma experiência considerável de democracia em termos de ordem social, regras europeias, novas formas de interação e um novo modo de vida”, afirmou hoje o presidente da Associação dos Ucranianos na Grã-Bretanha.
Rewko está convencido de que “com base nestes conhecimentos adquiridos, este enorme exército de jovens e pessoas muito talentosas vão regressar à Ucrânia, onde poderão exprimir-se plenamente e demonstrar resultados surpreendentes na reconstrução do seu país”.
“Será uma cultura completamente diferente, livre, democrática e moderna”, acredita.
O dirigente da comunidade ucraniana no Reino Unido falava durante um evento realizado na Catedral Católica Ucraniana, onde funciona um dos 36 centros de acolhimento aos deslocados ucranianos que funcionam no país.
O Governo britânico estima que, desde a invasão militar em grande escala pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022, ofereceu ou alargou o estatuto de refugiado a mais de 283 mil ucranianos.
A ONU estima que cerca de dez milhões de ucranianos foram forçados a abandonar as suas casas, incluindo 3,7 milhões de deslocados internos, e mais de 6,3 milhões de refugiados registados em todo o mundo.
Esta semana, Londres anunciou que vai permitir a prorrogação destes vistos a partir do próximo anos por mais 18 meses, até pelo menos setembro de 2026, mantendo os mesmos direitos de acesso ao trabalho, educação, cuidados de saúde e apoios sociais.
Petro Rewko, que nasceu no Reino Unido, não tem dúvidas de que a maioria dos refugiados neste país está a planear regressar, e alguns já o terão feito para se manterem próximos da família.
“Ninguém previa que esta guerra se prolongasse por dois anos e possivelmente mais um ano, se não mesmo até 2025. A maioria destas pessoas quer regressar à Ucrânia para restabelecer a sua vida”, reiterou.
Desde 2022 que a Associação Ucraniana da Grã-Bretanha, criada em 1946, deixou de se dedicar à comunidade ucraniana e à promoção da respetiva cultura para se concentrar no apoio aos refugiados, com apoio social, financeiro e à saúde mental.
Em dois anos, recolheu mais de 3,7 milhões de libras (4,3 milhões de euros) em ajuda humanitária.
“O Reino Unido abriu as suas portas aos ucranianos deslocados”, elogiou, referindo que está em contacto permanente com o Governo para discutir questões relacionadas com os refugiados e vinca que “95% a 96%” das situações foram resolvidas.
A Associação é uma das várias 14 organizações envolvidas na celebração este sábado de uma cerimónia religiosa na Catedral Católica Ucraniana, à qual se segue uma marcha pelas ruas de Londres até à Praça de Trafalgar (Trafalgar Square) para uma vigília para marcar o segundo aniversário da invasão russa e manifestar solidariedade com a Ucrânia.
A diretora do Instituto Ucraniano, Olesya Khromeychuk, recordou que em fevereiro também se completam 10 anos deste a ocupação ilegal da Crimeia e do início da agressão russa no leste do território, e urgiu a comunidade internacional a não se distrair pelo conflito na Faixa de Gaza.
“Se vemos sinais de cansaço da guerra, não é na Ucrânia, é no resto do mundo”, salientou, alertando: “Esta é a nossa guerra e se não a tratarmos como tal, vai aproximar-se muito mais das nossas casas do que já está”.
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