Na sessão de hoje do Conselho de Segurança da ONU para assinalar um ano de guerra da Rússia na Ucrânia, o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, convidado para a reunião, pediu a todos os presentes que se levantassem e fizessem um minuto de silêncio “em memória das vítimas desta agressão”.
O corpo diplomático presente no salão – incluindo muitos ministros das Relações Exteriores de vários países – levantaram-se quase de imediato, mas o embaixador russo, Vasily Nebenzya, que não se levantou, começou a bater na mesa numa tentativa de chamar a atenção da presidência do Conselho – pertencente a Malta – , para também ele exigir o direito à palavra.
“Peço um minuto de silêncio, mas por todas as vítimas e todas as vidas, pelos caídos desde 2014 [quando a Rússia lançou uma intervenção nas províncias orientais da Ucrânia]”, disse Nebenzya.
Os delegados, entre os quais vários ministros, hesitaram naquele momento e decidiram sentar-se.
O próprio secretário-geral, António Guterres, que primeiro se levantara, também se sentou, mas pareceu hesitar, tal como os outros.
Após vários gestos com a mão de Nebenzya, finalmente Guterres levantou-se novamente e, atrás dele, todos o corpo diplomático se levantou num minuto de silêncio.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, há exatamente um ano, 8.006 civis mortos e 13.287 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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