Em comunicado, a conselheira expressou a sua consternação e condenação pelos alegados atos de violência cometidos pelas tropas russas contra civis na cidade ucraniana de Bucha, no qual diz haver “sinais muito graves de uma possível ocorrência de crimes de guerra”, alertando ainda para o impacto dessa crise em outras regiões da Europa, nomeadamente nos Balcãs Ocidentais.
Alice Wairimu Nderitu pediu às autoridades da região que reforcem os esforços de prevenção nos Balcãs Ocidentais, à luz das preocupações e queixas existentes do “doloroso legado do passado, exacerbado pela dinâmica de deterioração associada ao conflito em curso na Ucrânia”.
“Em visitas à região, muitos interlocutores aludiram a uma grave falta de confiança, a compromisso insuficiente para com a recuperação e construção de confiança por parte dos líderes políticos […] e espaço insuficiente para o trabalho de promotores locais da paz”, lê-se num comunicado divulgado pelas Nações Unidas e que detalha a visão da conselheira especial para a Prevenção do Genocídio.
De acordo com Alice Wairimu Nderitu, nas últimas seis semanas, o conflito na Ucrânia deteriorou algumas dessas dinâmicas, com demonstrações de ódio, “incluindo reivindicações abertas de violência contra membros de um grupo nacional” e “apelos à religião como fonte de legitimidade para violência ou alinhamento de atividades nacionais para a causa das partes beligerantes no conflito na Ucrânia”.
A conselheira especial observou que os Balcãs Ocidentais, compostos por Albânia, Bósnia-Herzegovina, Kosovo, Macedónia do Norte, Montenegro e Sérvia, continuam a ser de importância crítica para os principais intervenientes, cujos interesses geoestratégicos se encontram nesta região.
Contudo, a conselheira da ONU enfatizou que a principal fonte de divisão continua a partir do interior da região e não do exterior e que, portanto, os esforços mais sólidos de mitigação de riscos também precisarão de partir da própria região.
“A este respeito, sublinhou a necessidade de dar prioridade às iniciativas de reforço destinadas a aproximar as pessoas numa região onde muitas vezes [as pessoas] são separadas”, conclui a nota das Nações Unidas.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.563 civis, incluindo 130 crianças, e feriu 2.213, entre os quais 188 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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