Sebastian Rhodes Stampa, nomeado coordenador-adjunto da ONU da operação de assistência a Moçambique, na sequência do ciclone Idai, afirmou, por via telefónica em conferência de imprensa para a ONU, que um programa de 900 mil vacinas orais contra a cólera vai ser iniciado naquele dia.
Segundo o coordenador, baseado na Beira, cada vacina reforça a imunidade de uma pessoa contra a cólera por três meses.
O programa vai continuar, passados três meses, com mais vacinas, o que não significa uma solução para o problema, mas o controlo e a redução dos riscos de contágio, adiantou Sebastian Rhodes Stampa.
O coordenador-adjunto explicou que a equipa de assistência se mantém muito atenta à evolução dos casos de cólera e diarreia e está a agir com vista a ultrapassar os problemas de forma eficaz, com uma capacidade quase igualada ao Ministério da Saúde de Moçambique.
O responsável da ONU garantiu que estão “prontos” para enfrentar surtos de doenças, com um plano de emergência contra a cólera e com a montagem de infraestruturas para responder a uma eventual emergência de saúde pública.
Deste modo, estão a ser montados centros de tratamento para a cólera.
Os centros de acolhimento da ONU contam com cerca de 400 camas improvisadas para os doentes, enquanto os centros de tratamento, espalhados pelas áreas afetadas serão de dimensão mais pequena, com 50 camas.
Estão a ser montadas cozinhas para dar comida, num primeiro momento, a 20 mil pessoas e entre 150 a 200 estações de hidratação vão estar disponíveis, assim como equipamentos de purificação de água.
A resposta à emergência está planeada em três fases, sendo que a primeira se centrou no resgate e salvamento de sobreviventes, em helicópteros, barcos ou veículos, na identificação de necessidades de socorro e na assistência humanitária às vítimas.
Rhodes Stampa esclareceu que a equipa de assistência fez mais de 1.300 operações de resgate.
A segunda fase é a distribuição de materiais de primeira necessidade, como alimentos, artigos de saúde e mantas.
Até ao momento, a missão de assistência distribuiu alimentos a mais de 179 mil pessoas, mas o coordenador-adjunto considerou que o número está longe dos 1,8 milhões de habitantes afetados.
A cobertura total da população das áreas afetadas é essencial neste ponto, sendo uma área “absolutamente vasta”, pelo que agora estão a investigar se é necessário chegar a outros sítios.
A resposta está a ser centrada nas necessidades primárias de assistência, mas será feito um plano estratégico para a expansão da ajuda humanitária.
A terceira fase é a verificação de que a ajuda chega ao maior número de pessoas necessitadas e que toda a área afetada está a ser coberta pelos serviços de assistência.
O coordenador-adjunto relatou ainda o ambiente de destruição na região, dizendo que a área a oeste, com um diâmetro aproximado de 200 quilómetros e 150 quilómetros de comprimento, também foi amplamente afetado pelo ciclone e pelas cheias.
“Foi extraordinário, estávamos a olhar para lagos do tamanho do Luxemburgo”, referiu Sebastian Rhodes Stampa.
Pelo menos 493 pessoas morreram em Moçambique após a passagem do ciclone Idai, há duas semanas, e das cheias que se seguiram.
O último balanço, apresentado pelas autoridades, aponta ainda para 1.523 feridos e 839.748 pessoas afetadas pelo desastre natural de 14 de março.
Além de provocar pelo menos 786 mortos no total, a passagem do ciclone Idai em Moçambique, no Zimbabué e no Maláui afetou 2,9 milhões de pessoas, segundo dados das agências das Nações Unidas.
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