“Entraram hoje à tarde”, disse à agência France Presse (AFP) o porta-voz do Exército senegalês, coronel Abdoul Ndiaye, quando questionado sobre se os militares senegaleses já tinham passado a fronteira.
Em Casamansa, no sul do Senegal, ouviram-se disparos durante a tarde de hoje, provenientes de várias aldeias próximas da fronteira com a Gâmbia, segundo um correspondente da AFP.
Os confrontos opuseram também soldados senegaleses e supostos rebeldes do Movimento das Forças Democráticas de Casamansa (MFDC) noutras aldeias nas proximidades, disseram testemunhas à AFP.
O MFDC luta desde 1982 pela independência de Casamansa, que é considerada favorável ao regime do Presidente Jammeh.
O início das operações militares na Gâmbia foi anunciado pouco depois do fim da cerimónia de juramento do novo presidente da Gâmbia, Adama Barrow, realizada na embaixador da Gâmbia em Dakar. A cerimónia obteve os votos unânimes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
A CEDEAO, que pressionou o Presidente Jammeh a abandonar o cargo, alertara que este poderia recorrer à força para se manter no poder.
As operações das tropas senegalesas na Gâmbia são apoiadas pela Nigéria, que anunciou hoje à tarde ter efetuado voos de reconhecimento sobre Banjul, capital da Gâmbia, sublinhando que ia fazer cumprir a vontade da CEDEAO.
O Gana também anunciou ter posto 205 militares ao dispor da CEDEAO.
Yahya Jammeh dirige, desde 1994, a Gâmbia, um pequeno país anglófono da África Ocidental com menos de dois milhões de habitantes, rodeado pelo Senegal à exceção da sua costa atlântica.
O Conselho de Segurança da ONU apoiou hoje, por unanimidade, as iniciativas da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para retirar o presidente Yahya Jammeh do poder.
Uma resolução preparada pelo Senegal obteve o apoio dos 15 membros do Conselho, incluindo a Rússia, que ressalvou, no entanto, que o texto não autoriza formalmente uma intervenção militar na Gâmbia.
A CEDEAO tomou várias medidas no sentido de que Yahya Jammeh respeitasse o resultado das eleições de 01 de dezembro último que ditaram a vitória de Adama Barrow, mas o presidente Jammeh agarrou-se ao poder que detém há 22 anos.
Comentários